quarta-feira, 17 de junho de 2009

TRON (Tron: Uma Odissea Eletronica)

TRON
(Tron: Uma Odisséia Eletrônica
)



“Você acredita na existência do Usuário?”
“Claro... alguém tem que ter me escrito”


Assisti Tron há anos... o filme é do ano do meu nascimento e passou na TV quando o videocassete já era popular, pois lembro de tê-lo assistido gravado de alguma programação da madrugada. Com toda certeza sei que na época não o entendi (e assistindo novamente sei que a história era complexa mesmo), mas na hora isso não pareceu muito importante, pois quando era mais jovem o grande apelo do filme eram os estonteantes efeitos especiais.

Hoje em dia eles são talvez vistos como um tanto primários, algo risível para o garoto de 14 anos que já nasceu vendo coisas com computação gráfica na TV, mas no meu tempo (deuses estou soando velho), o filme era um vislumbre do futuro.

O assisti agora novamente por dois motivos; o primeiro deles é que TRON foi um marco, a cultura pop pega emprestado inúmeros de seus artifícios e ao assistir Family Guy parodiar a famosa cena da luta das motos, senti muita vontade de rever o filme. O segundo motivo foi que descobri que está sendo filmada a segunda parte, TRON 2.0 e deverá ser lançado nos próximos anos.

Contra todos os prognósticos, 27 anos depois, o filme continua um tanto atual e muito, muito bom.

TRON, 1982
Tron (escrita alternativa)
Tron: Uma Odisséia Eletrônica (em português)
de Steven Lisberger

com
Jeff Bridges (Kevin Flynn/Clu)
Bruce Boxleitner (Alan Bradley/Tron)
David Warner (Ed Dillinger/Sark)
Cindy Morgan (Dr. Lora Baines/Yori)

Flynn é um programador brilhante que havia escrito vários jogos que vieram a se tornar sucessos, mas ele não recebe um centavo por isso, pois ele os escreveu no mainframe da ENCOM, a empresa onde trabalhava, e outro programador, Ed Dillinger, se apropriou dos seus jogos. Dillinger ganhou rios de dinheiro, cresceu na hierarquia da companhia e conseguiu que demitissem Flynn. Dillinger também é o responsável por criar um programa chamado Master Control Program (MCP), que lentamente tomou conta de todos os aspectos da programação na empresa, ditando regras, tolhendo a liberdade dos programadores e vigiando oque cada um deles fazia gerando desgaste e frustração entre os empregados da ENCOM.

Alheio a isso Flynn vez por outra tenta invadir o mainframe da ENCOM procurando provas de que seus jogos foram roubados, mas sempre o MCP consegue descobrir e impedi-lo.

Numa dessas tentativas, o programa fecha todas as conexões, tolhendo a liberdade de outro usuário, Alan, que vai reclamar com Dillinger as constantes interrupções. Alan está fazendo um programa de segurança, TRON, e Dillinger percebe que se Alan continuar com o programa ele descobrirá não só os jogos que roubou, mas também que o MCP é o responsável por invadir inúmeros órgãos governamentais tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.

A verdade é que o MCP adquiriu um nível superior de inteligência artificial e agora não só está se expandindo, como também está ficando independente e “lutando” pela própria “sobrevivência”. O MCP sabe que TRON pode pará-lo, o MCP sabe que Flynn tenta invadi-lo e o programa está fazendo o possível para acabar com as ameaças, seja chantageando seu programador dizendo que revelaria seus segredos, seja tentando destruir os programas que ainda fazem o trabalho dos usuários.

Alan, o programador de TRON vê o cerco fechando aos usuários e junto com sua namorada, Lora, que trabalha como um projeto de suspensão de matéria em laser, resolve alertar Flynn sobre a expansão do MCP. Após discutirem oque está acontecendo os três resolvem hackear o sistema tentando liberar TRON, acabar com a supremacia do programa e colher as provas que Flynn precisa para provar que os jogos são seus.

Mas o MCP não vai deixar-se destruir tão facilmente. Ele usa a tecnologia de Lora para tragar Flynn para dentro do espaço virtual, e lá Flynn descobre outra realidade. O Master Control está se apropriando de todos os programas fiéis aos usuários e àqueles que não se juntam ao comando da máquina são enviados para serem deletados em jogos eletrônicos. Flynn agora dentro da máquina tem que lutar por sua sobrevivência nos jogos e com a ajuda de outros programas fiéis aos usuários ele tenta fugir e ajudar TRON em sua jornada para tentar acabar com a supremacia do MCP.

- Trailer



- Crítica

Falar sobre TRON é um exercício estranho, pois o filme funciona em inúmeros níveis sendo complexo e original até os dias de hoje. Teríamos, portanto, obrigação de citar o visual inovador, a animação feita com computadores (novidade em 1982), a história complexa e os efeitos visuais mesclando técnicas novas e antigas.

Visualmente o filme é estarrecedor, e com uma mescla de efeitos digitais, visuais e analógicos Tron conseguiu uma fotografia inédita, referencial e que até hoje consegue parecer um tanto arrebatadora. Numa época que não tínhamos efeitos visuais mesclando as inúmeras técnicas com que o filme foi feito, pela primeira vez pudemos ver a ação de atores, a animação em computação, os efeitos visuais e a animação em 2D que mesclados compunham com perfeição um mundo digital próprio.

Os atores fazem quase sempre dois papéis, juntando um personagem do mundo real e um reflexo deste no mundo virtual. Assim temos Jeff Bridges como Flynn e Clu, seu programa de invasão, Bruce Boxleitner como Alan e Tron, Cindy Morgan como Lora e Yori e David Warner que faz as vezes de Sark o principal guerreiro do MCP além de ser a voz do próprio MCP. Excluindo alguma canastrisse de Jeff Bridges interpretando Clu, todos os demais estão muito bem, eu destacaria Bruce Boxleitner como Tron pela seriedade do personagem (o que seria esperado num programa de segurança, creio) e David Warner que personifica com exclusividade o mal neste filme. Steven Lisberger na direção tem todo o mérito de conseguir orquestrar bem um filme como este, para que não se tinha nenhum parâmetro na época de que foi feito.

Mas mesmo com uma ação boa, atores que cumprem seu papel de maneira competente, direção cuidadosa e os efeitos bastante inovadores porque TRON não foi um sucesso? Porque o filme, ao contrário do que poderia parecer, foi o responsável pela Disney cancelar sua divisão de Ficção Cientifica abandonando completamente todos os projetos de filmes nesta área?

A resposta, talvez, seja o tema e o tempo. Tron é inovador e atual... hoje. Na época a cultura da informática, da informação, da eletrônica, dos efeitos, jogos eletrônicos e da interconectividade estava engatinhando e ainda fora da esfera da grande maioria das pessoas. A parcela da população com acesso a computadores, aos assuntos e aos desafios mostrados em cena eram mínimos. E apesar de hoje haver discussões sobre invasão de privacidade e até onde um servidor pode ter acesso aos arquivos particulares de um usuário, sobre apropriação de propriedade intelectual e sobre segurança e invasão de computadores, isso em 1982 simplesmente não tinha nenhum apelo ao expectador. Este fator somado à história complexa fez com que tudo soasse confuso demais à maioria dos expectadores, e o filme ficasse gravado na memória das pessoas não como um marco na discussão de liberdade de informação, ou por sua boa história complexa, mas apenas como um filme de apelo visual e com efeitos, que apesar de belos não sustentam o interesse na fita e sem que os expectadores soubessem exatamente a que ele veio.

- Veredicto

Apesar de um tanto confuso e funcionar em vários planos Tron é um marco, e mais de 20 anos depois o filme ainda soa atual; seus efeitos, ainda são visualmente interessantes e sua trama, ainda tem apelo à nossa geração. A verdade é que talvez apenas agora o filme seja realmente compreendido.

Tron vale a pena. Se você já viu quando jovem, vale a pena rever e poder se maravilhar, se nunca viu, assista... veja como em 1982 foi criado algo que diferente de todos os postulados da informática, ainda é antigo e atual.

- Trivia

Steven Lisberger, o diretor e escritor da história, pensou em fazer o filme após se impressionar com o jogo PONG. Ele viu uma máquina num restaurante e mergulhou no mundo dos jogos de videogame querendo saber como poderia incorporar isso a um filme.

Vários animadores da Disney se recusaram a trabalhar no projeto, pois ele continha cenas de computação gráfica e eles achavam que isso além de tirar o “espírito” da animação era uma forma de ajudar a acabar com os próprios empregos. (hoje em dia com a crise da animação em 2D a computação realmente tirou os empregos dos animadores convencionais que não souberam se adaptar à nova animação).

O filme não foi indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Especiais simplesmente porque alguns dos efeitos foram gerados por computadores, e isso na época foi considerado “trapaça”. Efeitos especiais tinham que ser visuais e “criados pelo homem”, não por máquinas.

O filme encerrou os projetos de ficção cientifica da Disney devido ao baixo retorno.

Custou 17 milhões.

O conjunto eletrônico Daft Punk disse em diversas entrevistas que TRON era um dos filmes que os inspiraram a escrever musica eletrônica, e foi recentemente anunciado que na seqüência do filme TRON 2.0, a banda fará a trilha sonora.

Tanto Jeff Bridges quanto Bruce Boxleitner deverão aparecer em TRON 2.0 dando seqüência a seus personagens, Flynn e Alan.

Em South Park quando os judeus evocam Moisés ele é exatamente igual ao MCP.

É citado várias vezes em Uma Família da Pesada (Family Guy), Simpsons, Frango Robô (Robot Chicken) e Southpark.

Na série Chuck, o personagem principal tem em seu quarto um pôster de TRON.

Clu é o nome de uma antiga linguagem de programação.

End of the Line

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