domingo, 15 de fevereiro de 2009

Underworld: Rise of the Lycans, Anjos da Noite 3: A Rebelião

Underworld: Rise of the Lycans
(Anjos da Noite 3, A Rebelião)




“Eu te dei a vida!”
“Você me deu correntes...”
“A esta altura pensei que já tinha entendido que não pode ter um sem o outro”

A série Underworld já estava desgastada. O Primeiro filme era passável em seu universo de vampiros contra lobisomens, mas o segundo filme foi de mal a pior lançando no buraco a possibilidade da franquia crescer mais pra um lado. Oque fizeram então seus realizadores? Resolveram fazer crescer para o outro lado, explorando o filão de como começou a guerra entre vampiros e lobisomens.

O resultado? Resenhamos e criticamos abaixo.

Underoworld: Rise of the Lycans (2009)
a.k.a Underworld III
a.k.a Underworld: Prequel
de Patrick Tatopoulos

com
Michael Sheen  (Lucian)
Bill Nighy (Viktor)
Rhona Mitra (Sonja)
Kevin Grevioux (Raze)


O filme conta a história de como surgiu a consciência nos Lycans, e como eles evoluíram de uma raça brutal a seres organizados, explorando a história do primeiro Lycan que podia se transformar em humano, Lucian; que de escravo dos senhores vampiros passou a senhor e líder dos Lobisomens. O filme também aborda o relacionamento dele com Sonja filha de Viktor, ancião em exercício na época, que aparece nos filmes seqüentes.

- Trailer



- Crítica

Grande parte da ação psicológica em um filme de vampiros vai do relacionamento entre eles, e nós, “o gado”. Vampiros se alimentam de seres humanos... vemos esta abordagem em maior ou menor grau em todos os filmes e livros de vampiros. Como eles se sentem sobre o fato? Como escondem sua presença? Na série Underworld, seja no primeiro ou no segundo, esta parece ser uma preocupação simplesmente inexistente. Conflitos acontecem em todo lugar, de todas as formas possíveis e os humanos, presos neste meio, são mortos como moscas, sem preocupação real tanto dos lobisomens quanto dos vampiros em fazer uma ocultação séria.

A base da alimentação humana por vampiros, que é uma das coisas que seriam aterrorizantes em si num filme que engloba este universo, uma vez que desde que nossos ancestrais desceram das árvores temos em nós este primitivo instinto de auto-preservação em que tememos a possibilidade de sermos comidos, e é por isso que filmes como Tubarão, Jurassic Park e vários outros filmes de vampiros soaram tão assustadores ao seu tempo.

De maneira geral na série Underworld isso é pouco ou quase nada explorado e, neste filme sequer há qualquer referência a alimentação. Para falar a verdade não sabemos nem como os vampiros se alimentam na fita e a única alusão de alimentação no filme é o fado de Viktor estar bebendo um cálice com um liquido grosso vermelho que derrama fora e dentro da sua boca (outra coisa é isso... em vários filmes os vampiros tem que se alimentar de sangue, mas cinematograficamente eles se lambuzam mais e espalham o alimento pela boca e rosto do que bebem em si).

Parte do filão dramático de um filme de terror é captar a atmosfera do possível, trazendo o espectador para dentro do filme com uma sensação de “Isso é real, isso pode acontecer com você”, mas também nessa questão, o filme é falho. Não estou dizendo que precisava maneirar em nenhum dos aspectos que o compõe, seja na luz azul e nas noites gigantescas, mas apenas tentar mostrar o filme em algum local possível... a ação parece ser filmada num gigantesco estúdio (como realmente foi), e o universo além dos muros do castelo não mostra nenhum tipo de profundidade ou verossimilhança.

Estranhamente os vampiros no filme parecem cobiçar mais a prata dos humanos do que de seu sangue, e os lobisomens seriam utilizados para a proteção dos chupa-sangue aparentemente sem que nenhum dos poucos humanos que aparecem no filme tenham qualquer poderio real físico que pudesse ameaça-los. Sem contar que a única pendenga entre humanos e vampiros é decidida não com política ou ações nos bastidores, e sim violência gratuita, também mandando pro buraco qualquer tentativa de transformar humanos em marionetes como vemos em diversas tramas vampíricas.

Os atores tem altos índices de canastrisse inclusos... e mesmo Bill Nighy que é um ator conhecido não consegue nos passar nada como ancião, funcionando mais como a figura estranha que sai dos caixões no primeiro e segundo filmes do que nesse, onde não convence como vampiro, não convence como político, não convence como pai, não convence como guerreiro, não convence como assassino e etc... Rhona Mitra foi obviamente escolhida por sua semelhança com Kate Beckinsale (que poupou a sua carreira de mais um filme desses, embora apareça no filme com cenas retiradas do primeiro filme da série). A semelhança das duas é tanta que no filme Doomsday (Doomsday, Neil Marshall, 2008 e que deve estrear aqui 13 de março deste ano) não são poucas as pessoas a confundirem que pensam que “A mina de Anjos da Noite” fez o filme.

Dos demais Kevin Greivoux, com sua voz assustadoramente grossa, e seu tamanho descomunal volta novamente como Raze, mostrando como ele conheceu Lucien, e apesar do seu personagem ser visualmente impactante, pouco faz (como pouco fez no outro filme). Michael Sheen, como Lucien não está mal, apesar de não convencer como Che Guevara lupino.

Apesar de todo o exposto a recepção do filme só não foi pior por conta de um motivo. O Design. O Design da produção foi impecável, não realista, não verossímil mas belo ao olhar. Patrick Tatopoulos, o diretor, é designer de monstros e de produção, e esta foi apenas sua segunda (e maior) investida na direção de um longa, apesar dele ter trabalhado em inúmeros filmes “de monstros” fazendo o design de criaturas, de produção e até maquiagem em inúmeras fitas de sucesso como O Forasteiro (Outlander, Howard McCain, 2008), Terror em Silent Hill (Silent Hill, Christophe Gans, 2006), Eu sou a Lenda (I am Legend, Francis Lawrence, 2007) entre muitos, muitos outros. Oque mostra que Tatopoulos como designer é imbatível, apesar de não conseguir fazer muito além de mostrar um belo quadro.

Os lobisomens, bem feitos como em nenhum filme nenhuma maquiagem conseguiu, as locações belas, escuras e cheias de sombras como pouco se viu, os vampiros (esses são um tanto carregados de clichês, e parece que a produção foi a uma boate gótica e pegou as 30 primeiras pessoas que apareceram sem ligar para a vestimenta... sério, vi a hora de um dos figurantes puxar um iPhone, mas nada que comprometa seriamente um filme tão ruim em tantos aspectos) tudo muito bem feito esteticamente. No final, o filme foi sumarizado muito bem por um espectador à minha frente “Esse filme é uma figura muito bonita!”.

- Veredicto

O filme falha em praticamente tudo que faz com que um filme de vampiros exista, não possuindo trama bem construída, não aproveitando os bons atores, não fazendo com que fiquemos temendo por nossas vidas mas, é belo em sua produção, e por isso, virará uma referência no futuro de como parecer, mas sem ser absolutamente nada.

- Trivia

As armaduras ou foram inspiradas nas armaduras elficas de Senhor dos Anéis ou foram as mesmas utilizadas no filme, é tudo MUITO semelhante.

Kevin Grevioux, o gigante que faz o papel de Raze tanto no primeiro quanto neste terceiro filme da franquia é responsável pela criação dos personagens e da trama em si junto com Danny McBride, um dublê que participou do primeiro filme e Len Wiseman o primeiro diretor da franquia.

O filme teve a pior estréia em comparação com os demais da série.

Custou 35 milhões para fazer, e arrecadou isso em duas semanas de projeção

Com a pouca possibilidade de um novo filme da série Kevin Grevioux irá adaptar o resto da história na forma de quadrinhos, que deverão sair em mini-séries em 2010.

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