quarta-feira, 3 de junho de 2009

Beowulf & Grendel (A Lenda de Grendel)

Beowulf & Grendel
(A Lenda de Grendel)




“Ao chegar em casa Beowulf soube que os amigos do oeste dormiam em meio à carnificina. Um Troll havia trazido morte aos dinamarqueses.
 E o grande Beowulf, melhor entre os melhores, aquele que luta sem medo com qualquer homem, levará consigo mais doze espadas dos geats para acertar as contas com a coisa.”


Em 2005 quando soube que este filme estava sendo feito, esperei como um louco até conseguir colocar as mãos em uma cópia. Não vi trailer, não conhecia o diretor e Gerard Butler não era conhecido como hoje em dia. A única coisa que me manteve esperando este filme foram as fotos de produção, mostrando que pretendiam ter não uma abordagem cinematográfica, mas pretendiam contar uma história possível sobre a famosa lenda de Beowulf.

E apesar de grande parte da crítica repudiar o filme, ele me entreteu bastante e está entre os melhores do gênero em minha opinião.

Beowulf & Grendel, 2005
Beowulf and Grendel (escrita alternativa)
Bjólfskviða (em Islandês)
A Lenda de Grendel (em português)
de Sturla Gunnarsson

com
Gerard Butler (Beowulf)
Stellan Skarsgård (Rei Hrothgar)
Sarah Polley (Selma)
Ingvar Sigurðsson (Grendel)
Tony Curran (Hondscioh)

O Rei Hrothgar tem um problema, após construir um novo Hall (ou Meadhall um salão para beber Hidromel) tem sido sistematicamente atacado por um troll. Grandes guerreiros morreram, o estado definha, seus inimigos começam a estudar uma invasão e a criatura a despeito dos esforços do rei, aparentemente não quer lutar com ele. A noticia da necessidade de um grande guerreiro se espalha até Geatland (que atualmente compõe a Suécia), onde com a permissão do Rei Hygelac, Beowulf, detentor de grandes feitos, se oferece para caçar a criatura.

Após a chegada, a situação é pior do que se esperava, o rei está mais desesperado e a criatura se esquiva dos ataques de Beowulf e do seu grupo de geats, recusando-se também lutar com eles. Muitos acreditam que até os deuses os abandonaram, fazendo com que muitos vikings pensem em se tornar cristãos, e Beowulf começa a acreditar que seus esforços foram vãos e que o problema de Hrothgar é grande demais até que Selma, a bruxa “que nenhum homem feliz quer ter por perto”, começa a esclarecer a situação.

E é bem mais do que um monstro atacando uma vila.

- Trailer



- Critica

Beowulf & Grendel é um filme interessante principalmente porque exercita de maneira muito competente algo que está em falta em filmes do gênero, algo que chamamos de “Realismo Fantástico”.

Por um lado é uma história fantástica, uma lenda, que trata de Trolls, Bruxas, Hags e coisas do tipo, mas para mérito do filme e para apreciação dos amantes do gênero tudo é tratado de maneira especialmente histórica. Não vemos exageros, grandiosidades que comummente são encontradas em filmes deste tipo. Como exemplo disso grupos de homens armados que faziam ataques eram daquele jeito, poucos e especializados no que faziam, assim como reinos eram pequenos e quase todo homem com alguma riqueza tinha uma coroa sobre a cabeça dizendo-se rei.

Outros filmes que tentaram retratar o mesmo poema, sempre caem nos pecados de misturar a alta idade média, com a baixa; mostrando reinos enormes, castelos que não existem naquela parte do mundo, armas e armaduras de outras épocas e coisas do tipo. Oque vemos em todo momento na tela são sempre pessoas vestidas, e nunca fantasiadas, este seria um dos grandes méritos e vantagem sobre outros filmes do gênero.

A produção de Sturla Gunnarsson é perfeita no que se propõe. As coisas parecem ter sido retiradas da época, construídas, utilizadas. Todos os objetos, do Hall ao navio, das armas às armaduras, da terra às pedras foram bem colocadas criando uma atmosfera perfeita para o desenrolar da história.

Em relação aos efeitos também tenho que afirmar que eles estão simplesmente perfeitos para o que o filme se propõe. Não vemos computação gráfica, não vemos montagens, nem nada deste tipo. Oque vemos é um bom trabalho de maquiagem e a utilização de artifícios simples, mas eficientes para criar “monstros” e “efeitos”. Os próprios trolls,são criados preponderantemente com o recurso perspectiva forçada (quando a câmera fica perto deles e longe dos demais atores dando a impressão que eles são maiores que os demais).

Em relação aos atores temos excelentes atuações, médias e as que deixam um pouco a desejar. Como excelentes poderíamos destacar Stellan Skarsgård como o Rei Hrothgar, é uma figura que desperta compaixão e pena, sempre bêbado, sempre se desesperando com o fato de não estar conseguindo cumprir o seu papel. Seja bêbado em seu salão, seja tentando parecer importante ou qualquer coisa do tipo Skarsgård está bem retratando um rei decadente e envelhecido mas sempre como um ser humano. Ingvar Sigurðsson, como Grendel está perfeito, monossilábico, mas com uma boa linguagem corporal, Ingvar consegue fazer um monstro com caráter, que ninguém odiará com sangue nos olhos de fato, mas que mesmo assim continua sendo um monstro. Eu ainda diria que Sarah Polley como Selma está bem colocada, ela ao meu ver consegue passar credibilidade como a mulher que vê a morte de todos, e a única que sabe oque está acontecendo e pode manipular a situação, assim como destacaria Steinunn Olina como rainha Wealhtheow, sendo um papel secundário mas bem constituído. Gerard Butler, como Beowulf, não está mal, um tanto quanto monossilábico, mas creio que isso seria oque se espera de um herói viking da época... afinal, como ele mesmo diz “Os Geats não usam palavras quando as espadas que falam de verdade” e as cenas de ação e luta são boas.

As criticas que dizem que o filme utilizou de linguagem inapropriada (sejamos claros... a maioria condenou o uso de termos fora de época como em “Fuck the Troll”) são ao meu ver, irrelevantes. Construir navios para um filme deveria ser mais bem visto do que destruí-lo apenas por algumas palavras, que em contesto são totalmente utilizáveis. Sim, o termo não existia à época... mas com toda certeza havia algo semelhante, e colocar termos e linguagem mais atual ao meu ver foi um ponto positivo.

Para finalizar gostaria de ressaltar a atuação de Eddie Marsan como Padre Brendan, o Celta. É impagável e divertido ver sua pregação louca, sua fé cega e as “discussões teológicas” que tentam provar a existência de cristo e superioridade da religião cristã ante aos deuses nórdicos.

- Veredicto

Por ser um filme que retrata com boa quantidade de acertos a situação da época, por trazer efeitos que não soam artificiais ou emplastrados, por mostrar uma boa história Beowulf & Grendel é um filme altamente recomendado aos fãs do gênero. Pena não termos mais filmes da mesma qualidade dele.

- Trivia

Gerard Butler já estava se preparando para 300 durante as filmagens de A Lenda de Grendel. E podemos ver que seu físico já está bastante constituído mas ainda não da forma do 300.

O orçamento total do filme foi de 13-14 milhões de dólares. Como comparação a animação A Lenda de Beowulf (Beowulf, Robert Zemeckis, 2007) filme fraco, e emplastrado demais na minha opinião, custou 150 milhões.

Em 2006 foi lançado um documentário chamado “Wrath of Gods” dirigido por Jon Gustafsson (que foi ator do filme e que aparece em A Lenda de Grendel creditado como Guerreiro #2) que conta como foram as filmagens de A Lenda de Grendel. O filme mostra as grandes dificuldades que tiveram que ser ultrapassadas para as filmagens e foi muito bem recebido tendo ganhado inúmeros prêmios.

Nick Dudman foi responsável pela maquiagem, ele também atuou em todos os filmes da série Harry Potter e dos filmes Batman Begins, Judge Dredd, Alien³ (entre muitos outros) e até mesmo Floresta Negra e A Lenda, ambos resenhados pelo blog.

- Bônus

Trailer de Wrath of the Gods.



Um comentário:

  1. Olá, amigo, já li e reli sua crítica (assim como vi e revi o filme) e concordo contigo, principalmente quando fala do uso dos termos que muitos consideraram anacrônicos. Ora, o próprio inglês ali é anacrônico. Aquelas pessoas falavam dialetos que não existem mais, e certamente havia termos chulos equivalentes a "fuck" ou "cunt", que aparecem no filme. No mais, parabéns pela crítica. Abraço,
    Neto Monteiro

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