The Wrestler, O Lutador

The Wrestler
(O Lutador)

“Não escuto tão bem quanto antes, não sou tão bonito quanto antes. Mas continuo aqui. Eu sou ‘The Ram’”

Vencendo mais de 14 prêmios (incluindo dois Globos de Ouro) e sendo indicado ao BAFTA e ao Oscar, fiquei muito curioso em assistir The Wrestler. Parte porque sou fã de lutas (não lutas de wrestling tele catch, mas sempre tive curiosidade em saber como elas eram encenadas) e parte por ter curiosidade em ver a atuação premiada de Mickey “Cara Misturada” Rourke.

E o filme, com poucas ressalvas, é bom.


The Wrestler, 2008
de Darren Aronofsky

com
Mickey Rourke (Randy 'The Ram' Robinson)
Marisa Tomei (Cassidy)
Evan Rachel Wood (Stephanie Robinson)

Randy “The Ram” Robinson foi uma unanimidade em termos de lutadores dos anos 80. Esteve em todas as lutas, ganhou todos os títulos, mas 20 anos se passaram desde a sua luta mais memorável e ele está em franca decadência. Já não atrai publico como antigamente e faz suas lutas não nos grandes salões ou em shows da TV, mas nas pequenas arenas apesar de ainda ser chamado para alguns eventos maiores. Tem problemas de audição, de vista, problemas em pagar o aluguel, é coberto de cicatrizes de lutas e de vez em quando faz bicos num supermercado local para ajudar a pagar as contas e comprar remédios para as dores que sente por todo o corpo devido a uma vida extrema de combates.

O lutador tem também uma relação um tanto quanto pessoal com Cassidy, uma dançarina de uma boate de Striptease que, assim como ele, já não está mais em idade de fazer o sucesso e nem consegue tantos clientes quanto gostaria.

As coisas seguem na rotina dura até que Randy “The Ram” sofre um ataque cardíaco após uma luta, oque faz pensar em sua vida e como ele a viveu. Os médicos dizem que ele não pode voltar a lutar, mas isso é a única coisa que ele pode e sabe fazer.

Randy tem uma filha e, seguindo conselhos de Cassidy ele começa a tentar uma reaproximação, consegue um emprego, deixa as lutas e sua vida começa a voltar para os eixos; no entanto tudo parece desandar e então vemos The Ram realmente atingir o fundo do poço. Ele tinha uma proposta de re-enfrentar o seu antigo rival, numa comemoração dos 20 anos de seu grande confronto. Isso pode ser a passagem de volta para o circuito principal, mas também pode ser a morte para Randy.

- Trailer

- Crítica

The Wrestler é um ótimo exemplo de como um filme de orçamento modesto, mas com bons atores e uma história convincente pode crescer. Darren Aronofsky mostra uma excelente maestria na orquestração deste filme (que tanto se difere de seus trabalhos mais conhecidos como Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000), Pi (Pi, 1998) e A Fonte (The Fountain, 2006).

Mickey Rourke não era cotado como o personagem principal deste filme (oferecido e anunciado para Nick Cage e Stallone) mas devido à sua trajetória era a pessoa perfeita para interpretar Randy “The Ram” Robinson e não decepciona. (Mickey deixou a carreira de ator em 1991 e voltou-se para o boxe profissional. Venceu muito, mas também perdeu bastante. Levou tantos socos que sua face ficou irreconhecivel e teve, por isso, que fazer várias operações que o deixaram com a cara totalmente diferente de seus trabalhos iniciais. Mickey também se tornou um ator decadente após o boxe, e apenas com muito custo conseguiu dar a volta por cima e voltar a ser chamado para atuar).E ele imprime como poucos veracidade ao decadente Randy.

Marisa Tomei é outra pérola neste filme. No papel de Cassidy ela vive a dicotomia de ser à noite uma “dançarina exótica” (como frequentemente são chamadas Strippers) e de dia ser uma mãe, também enfrentando os pesares de ficar pra trás numa industria que se pode contar principalmente quando se é jovem. Ambos os atores (além dos demais como Even Rachel Wood no papel de Stephanie entre outros) fazem deste filme um exemplo de como boas atuações podem carregar uma produção pequena.

Os planos de filmagem, sempre desertos, escuros ou áridos em meio à neve de New Jersey completam o filme passando toda a emoção e drama que vemos na tela.

Digno de nota além da trilha sonora, composta de clássicos do Hard Rock e Heavy Metal dos anos 80 como “Balls to the Wall” do Accept, “Bang your Head” do Quiet Riot e até “Seet Child O’Mine” do Guns n’ Roses, são os momentos que mostram os bastidores das lutas, onde os lutadores combinam oque vão fazer, como vão fazer e como são decididos os que ganham e perdem, mostrando que, sim, a luta é combinada, mas como podemos ver com Necro Butcher versus Randy “The Ram”, podem machucar muito.

A maior ressalva do filme, seria o caso do final. E não, não estou reclamando dele, o compreendo e acho válido, mas que deixa uma sensação ruim de inconclusão, isso deixa.

- Veredicto

The Wrestler é um filme excelente, honesto e extremamente válido. Não posso examinar (pois não vi os demais filmes) mas os prêmios pela atuação excelente de Mickey Rourke são todos dignos e valem, por si só, como motivo de ver a película. O final, não atrapalha a conclusão da história, mas também não ajuda a melhora-la, esta é a verdade.

- Trivia (retiradas em maioria do IMDB)

Custou apenas 7 milhões de dólares (como comparação RocknRolla custou 20 milhões)

Foi filmado apenas em 35 dias

Devido ao orçamento modesto do filme, nem Axel Rose e nem Bruce Springsteen cobraram direitos por suas musicas.

A parte do filme que um fã diz “Use minha perna” e passa a perna mecânica para o lutador foi baseada num fato que realmente aconteceu numa luta de Tommy Dreamer.

O escritor do filme faz uma aparição como um fã que pede autografo de Randy no inicio do filme

Ganhou o Festival de Veneza (melhor filme e melhor ator) e o Globo de Ouro (melhor música e melhor ator) e mais de 10 prêmios até esta data.