sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Låt Den Rätte Komma In, Deixe Ela Entrar

Låt Den Rätte Komma In
(Deixe Ela Entrar)



Tive meu primeiro contato com o filme de Thomas Alfredson quando vi algumas resenhas sobre ele em alguns sites especializados, mas sinceramente não me interessei. Atualmente filmes de vampiro estão um tanto quanto repetitivos e simplesmente passei por ele, mas o nome... o nome eu guardei “Låt Den Rätte Komma In”.

Andando pelo IMDB e indo até a lista do TOP 250 eu procurava um filme qualquer quando percebi que Låt Den Rätte Komma In estava por volta de 220. Achei estranho porque era um filme sueco lançado fora do circuito... como em tão pouco tempo (de outubro quando ocorreu o lançamento na maioria dos países, até dezembro) o filme tinha subido ao patamar do top 250? Intrigado e curioso consegui uma cópia e o assisti.

E confesso que me surpreendi muito.

Låt Den Rätte Komma In
de Tomas Alfredson

com

Kåre Hedebrant (Oskar)
Lina Leandersson (Eli)
Per Ragnar (Håkan)

Oskar é um garoto de 12 anos sozinho e mora com a mãe num conjunto habitacional da Suécia dos anos 80. Não tem amigos, é constantemente perseguido por colegas de escola e o provocam e espancam sempre que podem fazendo com que ele alimente fantasias de vingança enquanto fica uma faca no tronco de uma árvore.

Até que Eli se muda para o apartamento ao lado do seu. Ela é uma menina aparentemente da idade de Oskar, igualmente sozinha e igualmente morando apenas com um de seus pais, o estranho Håkan.

E uma onda de assassinatos começa a acontecer.

Eli e Oskar lentamente se aproximam, se tornam amigos e a garota passa a fazer companhia a ele e a estimular que ele lute contra os garotos que o provocam.

Oskar junto dela se sente feliz, apaixonado e ambos se tornam inseparáveis mesmo com a resistência de Håkan, que pede para sua filha que não mais se encontre com o garoto. Håkan na verdade é o responsável direto pelas mortes e tem medo que a proximidade da menina com um morador local possa atrair atenção indesejada.

No entanto, nem Eli é filha de Håkan e nem Håkan é um puro e simples assassino. Eli é um vampiro que precisa de sangue humano e Håkan é uma espécie de carniçal (apesar deste termo nunca ser usado durante todo o filme), um humano que serve um vampiro como um escravo e é responsável por conseguir o sangue necessário para que ela sobreviva.

Mas Håkan morre. E Eli passa a contar apenas com Oskar para ter companhia e para ajuda-la a se alimentar.

“Você gostaria de mim mesmo que eu não fosse uma garota?” Ela pergunta.


- Critica

Há muito tempo não via um filme de vampiros como este, ele consegue ser tudo que já se foi sobre os vampiros em cinema e mesmo assim ser completamente diferente e novo.

Sim é um filme de vampiros, mas não na acepção básica de terror que estamos acostumados. Não há a idéia simples de um monstro gótico, solitário e vindo de uma atmosfera árida como vemos em Nosferatu da década de 20, apesar de sim haverem monstros solitários e uma atmosfera sufocantemente árida. Não vemos a idéia clássica de um predador humano sensual como os filmes clássicos que deram inicio ao mito do vampiro no cinema com Bela Lugosi na década de 30, mas sim, há uma atração pelo vampiro interpretado magistralmente por Lina Leandersson. Não há atmosfera de horror pessoal mostrada nos romances de Anne Rice, que se alastraram pelo cinema e pelos livros de RPG em 90, mas oque seria esta estória, senão uma estória de Horror pessoal?

Låt Den Rätte Komma In, é mais que um filme sobre vampiros, e muito mais do que um filme de terror. É um filme sobre tudo isso e relacionamentos. Roteirizado por John Ajvide Lindqvist o mesmo autor do livro de mesmo título e dirigido por Thomas Alfredson (que tem um estilo de direção um tanto semelhante com Guillermo del Toro) conseguiu mostrar além de uma excelente história fantástica a ternura e a dificuldade de se apaixonar aos 12 anos, sem que isso caia numa baboseira sentimentalista. Ambos os atores, Kåre Hedebrant e Lina Leandersson, são extremamente convincentes em seus papéis e conseguem passar tanto o amor que sentem um pelo outro, quanto a perdição que isso significa.

Os efeitos especiais são mínimos, mas bem usados e conseguem causar arrepios como na famosa cena que mostram oque acontece a um vampiro quando entra numa casa sem ser convidado. A construção de época, fotografia, e ritmo são condizentes criando uma atmosfera perfeita para o desenrolar da trama.

Bem equilibrado, não é surpresa que esta produção, despretensiosa, com um orçamento modesto e vindo da gelada Suécia tenha conseguido entrar no seleto top 250 do IMDB (atualmente ele está em 191°) ultrapassando em qualidade inúmeros outros Blockbusters dispensáveis. E recebeu 97% de reviews positivos no Rotten Tomatoes, site famoso por criticar impiedosamente.

Um ultimo questionamento antes de darmos o veredicto teria sobre o paradoxo que há na relação de Oskar e Eli que nos faz questionar um ponto. Ela, a despeito do que demonstra ou faz demonstrar durante o filme, realmente ama ele, ou ela quer apenas usa-lo. Vemos um breve momento em que Eli demonstra alguma ternura por Håkan, que demonstra extrema devoção pela menina, chegando ao ponto de se deformar com ácido e sacrificar a própria vida por ela quando preciso. Esse é o futuro de Oskar?

- Veredicto

Consistente, intrigante, de certa forma profundo e divertido Låt Den Rätte Komma In um filme que merece ser visto e é indispensável para fãs de vampiros, fãs de terror e principalmente para aqueles que podem nem gostar de vampiros e de filmes de terror, mas não tem preconceito de dar uma chance a um filme um tanto quanto diferente.

- Trailer


- Trivia

Durante o filme a professora lê uma história para a classe, é interessante reparar que a História é “O Hobbit” de J. R. R. Tolkien. O livro tinha sido lançado em 1937 e na época em que o filme se passa (anos 80) ele já era um sucesso infanto-juvenil na Europa e Estados Unidos.

É o Sétimo sueco a aparecer nas listas de mais vistos do IMDB. Não sei ao certo quantos filmes brasileiros já apareceram, mas, na lista atual temos apenas Cidade de Deus (em 17° lugar já há muito tempo).

Para tornar a voz da personagem mais grave e adulta Lina Leandersson dublou a si mesma durante todo o filme.

Está anunciada uma versão Americana do filme (como se isso fosse realmente necessário). Guillermo del Toro foi cotado para a direção, mas a realidade é que nada é certo sobre esta versão de Hollywood do filme. Dada a grande repercussão de refilmar uma estória já tida excelente os produtores procuraram deixar claro que se feita uma nova versão ela seria baseada principalmente em outros aspectos do livro que não foram tocados no filme sueco.

O titulo do filme (e do livro) é uma referência a música de Morrissey "Let the Right One Slip In".

Na cena final, a palavra passada por código Morse para a caixa é (P-U-S-S) que seria beijo em sueco.

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