domingo, 8 de março de 2009

Watchmen

Watchmen
(Watchmen)



Diário de Rorschach: 12 de Outubro de 1985. Um cachorro está morto no beco esta manhã, um pneu arrebentou sua barriga. Esta cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face. As ruas são como um grande esgoto, um esgoto cheio de sangue e quando finalmente transbordar todos os vermes irão se afogar. A sujeira acumulada de todo sexo e assassinato já está na altura da cintura e todas as prostitutas e políticos logo vão olhar para cima e gritar ‘Salvem-nos!’ e eu sussurrarei. ‘Não!’”.


Por volta de 1987 foi lançado um quadrinho singular, Watchmen, que visava não contar uma história sobre um grupo de super-heróis virtuosos, e sim retrata-los de maneira humana, com todas as falhas e virtudes possíveis nesse meio

A tentativa de fazer um filme sobre o tema foi tentada inúmeras vezes, até que finalmente em 2009 aconteceu. O resultado resenhamos e criticamos abaixo.

Watchmen, 2009
de Zack Snyder

com
Malin Akerman (Laurie Jupiter / Silk Spectre II)
Billy Crudup (Dr. Manhattan / Jon Osterman)
Matthew Goode (Adrian Veidt / Ozymandias)
Jackie Earle Haley (Walter Kovacs / Rorschach)
Jeffrey Dean Morgan (Edward Blake / The Comedian)
Patrick Wilson (Dan Dreiberg / Nite Owl II )

Há algum tempo existem os chamados vingadores mascarados. Pessoas comuns, que começaram a se vestir de maneira extravagante para poder combater o crime sem serem identificados. Esses heróis mantiveram a ordem de uma forma que a policia não conseguiu.

Eles não tinham super-poderes (com exceção de Dr. Manhattan, por conta de um acidente nuclear tem poderes extra-humanos), mas mesmo assim conseguiram mudar muito o curso da história como conhecemos. Os Estados Unidos com os heróis ao seu lado venceram o Vietnã; e também por conta de Manhattan, os EUA tem um trunfo num mundo ainda dividido entre Socialismo e Capitalismo.

No entanto os Vigilantes com o tempo passaram a não mais ser bem vistos pelo publico, e em 1977 uma lei os baniu. Alguns, como o segundo Coruja simplesmente se aposentaram, outros como Dr. Manhattan e o Comediante continuaram a trabalhar junto com o governo e ainda houve àqueles como Rorschach continuaram como vigilantes atuando mesmo com o perigo de ser preso.

Neste contexto acontece o assassinato de Edward Blake, o Comediante. A policia não dá mais importância, mas Rorschach investiga a fundo o assassinato do antigo mascarado e começa a encontrar provas de que há alguém querendo matar os antigos heróis.

Rorschach começa a mobilizar os heróis aposentados, sem muito sucesso no inicio, mas com o tempo passando, os indícios de mortes entre os heróis aparecendo, a ameaça nuclear ficando cada vez mais evidente e o distanciamento da sociedade de Dr. Manhattan (que cuida para que os EUA não sejam atacados pela URSS) tudo indica que algo realmente grande está acontecendo por trás de todos.

- Trailer



- Crítica

Assisti Watchmen um dia depois da estréia, e mesmo tendo passado agora 24 horas da projeção não é fácil escrever sobre o filme. Ele ainda está se mexendo na minha cabeça.

Oque posso afirmar a esta hora sobre ele é que não é um filme fácil. Não é fácil ver os 160 minutos e dizer que Watchmen é um filme palatável. Longe disso, Watchmen é cansativo demais. As 2h e 40 minutos de filme multiplicam-se por três para o expectador deixando a projeção cansativa ao extremo. É difícil de se concentrar com todas as coisas acontecendo em cena, é difícil acompanhar algumas das partes mais pensativas, é difícil conseguir tentar ver o mundo em nossa frente como possível, e nesses pontos o filme falha, perde a mão. Terry Gillian, mestre do Bizarro, que dirigiu coisas como “Monty Pyton e o Sentido da Vida”, “Doze Macacos” e “Brazil, o filme” sabia disso. Ele foi um dos cotados para dirigir Watchmen ainda nos anos 90 afirmou que era impossível fazer apenas um filme e sugeriu uma mini-série.

 Mas é impossível também usar mais argumentos para dizer que a história estava lá... bem feita, bem produzida. O filme é bom. O ruim é ver muitas pessoas assistindo ao filme pensando que ele é sobre super-heróis, ele não é... nunca quis ser. Watchmen é sobre como seria um mundo onde se tais heróis existissem pudessem ser minimamente reais, e pudessem viver a grande contradição que ser um “vingador mascarado” é.

E se o filme é cansativo e em certos momentos rápido demais não dando tempo para que possamos nos familiarizar com certos conceitos, por outro lado, o filme é tecnicamente (como já exposto em várias criticas) alucinante. Poucas vezes no cinema uma cena de abertura, mostrando os momentos do mundo mudados pela ação ou existência dos “heróis” foi tão bem feita feliz em comunhão com a música de Bob Dylan. O Assassinato de Kennedy, a ida de Fidel à União Soviética, a apresentação da Arte de Andy Warhol além das cenas dos vingadores mascarados em seus momentos de glória e de desgraça, tudo feito de uma forma gráfica perfeita e emocionante.

O filme também acerta em cheio no som. Apesar de em alguns momentos os efeitos sonoros serem um tanto exagerados, no conjunto tudo soa bem. As musicas do filme são um ponto forte à parte, todas muito bem escolhidas entre clássicos e finamente executadas em momentos oportunos que casam formando uma visão perfeita do que acontece. Tanto o inicio com Times They Are A’Changing de Bob Dylan, quanto o enterro com The Sound of Silance de Paul Simon and Art Garfunkel passando pela Cavalgada das Valkirias de Wagner, tudo ajuda a nos transportar para uma história que às vezes se torna tão complexa que nos expulsa.

Os atores também ajudam, Patrick Wilson , está excelente como o coruja, Malin Akerman  está convincente como Espectral e Jeffrey Dean Morgan está perfeito como O Comediante, sendo a imagem na tela do “herói” mais contradito dos Quadrinhos. No entanto é Jackie Earle Haley com Rorschach que mais chamou a minha atenção, primeiro porque apesar de acreditar que J. E, Haley era um bom ator (seu desempenho em Pecados Íntimos (Little Childrem, ,) é muito bom) mas não acreditava que ele pudesse fazer um Rorschach convincente, pela profundidade, dubiedade e moral avessa do personagem, mas ele surpreende e consegue fazer um excelente papel.

Só mesmo Billy Cudrup como Dr. Manhattan não me convenceu muito, parte por ele não passar a mim a idéia de desumanidade do personagem dos quadrinhos soando sempre vago demais, parte pela própria natureza gráfica do personagem, ele brilhando em azul em efeitos digitais o tempo todo, parece um tanto artificial oque tornaria mais difícil ainda colocar uma “alma” em sua pele azul.

Por fim, Zack Snyder faz um bom trabalho. Vemos uma evolução do plastificado 300 (300, Zack Snyder, 2007), demonstrando que ele entendeu que nem tudo pode se resumir a Chome Key e mostrando que ele pode optar por bons sets fazendo uma produção mais leve que seu filme anterior, e acredito que mesmo com as mudanças da história, este é o melhor Watchman que poderíamos ter (ao menos em um único filme).

- Veredicto
Fiel ao quadrinho, apesar das mudanças. Cansativo mas um deleite tecnicamente, Watchmen é um filme bom, mas fácil de se perder em seus pecados. Uma pena, pois o quadrinho teve vida longa justamente por saber pesar tudo oque acontecia tornando-se um clássico da nona arte.

- Trivia


O filme sofreu com uma produção que trocou inúmeras vezes de diretor, de atores e de roteiro até estabilizar-se como conhecemos. Passaram como possíveis diretores. Terry Gillian, Paul Greengrass e Darren Aronofsky.

Foram cogitados para interpretar o comediante Gary Busey (nos anos 90), Ron Perlman (no inicio de 2000) e Nathan Fillion quase conseguiu o papel.

Alan Moore recusa-se a assistir qualquer filme baseado em suas obras, recusa-se a endossa-los e recusa-se até a receber créditos por eles, dizendo que é o responsável pelos quadrinhos, apenas. Isso aconteceu em V de Vingança, Constantine, A Liga Extraordinária e Do Inferno.

E quando sugeriram que em algum dia, quem sabe num dia chuvoso ele pudesse assistir ao menos o DVD ele foi categórico “Isso não vai acontecer.”

Não foram poucos os que se posicionaram contra as cenas de nu frontal de Dr. Manhattan, mas elas foram utilizadas e o filme recebeu categoria de censura máxima nos EUA. Acima de 18 anos.


A parte que mostra Espectral e Dr. Manhattan em marte numa cratera em formato do símbolo “smile” ao contrário do que muitos pensam é REAL, a cratera com esse formato realmente existe sendo conhecida como Cratera de Galle, Cratera de Marte de Galle ou Formação de Galle, podemos encontrar mais informações e fotos na wikipedia neste link. (em inglês).

Malin Akerman, a atriz que faz a Espectral Original e mãe de Laurie Jupter (a segunda espectral, interpretada por Carla Gugino) na verdade é mais nova que Carla. Carla (que interpreta a filha) nasceu em 1971 e Malin (que interpreta a mãe) nasceu em 1978, sendo portanto 7 anos mais nova.

Alan Moore e sua esposa são ativistas dos direitos dos homossexuais, portanto não é raro que em seus escritos existam personagens homossexuais figurando entre os principais. Neste filme temos Ozymandias (que no quadrinho é mais abertamente Gay) e Silhouette, que aparece brevemente no filme e nos quadrinhos foi morta por militantes homofóbicos.

Custou 120 milhões.

O filme aparece como “Baseado na Obra de David Gibbons”, se bem que David apenas a desenhou.

2 comentários:

  1. Vo comentar pra num deixar em branco o seu esforço pra escrever cosas legais seu chato!!! Gostei muito do filme, concordo com oque vc disse e completo que pra quem não leu o livro e tal ele parece melhor ainda...mostrando assim que filmes de tal tipo de ficção não precisa ser idiota como X-man e Spider Man, pode ser coisa seria. Abraço!!!

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  2. Valeu pelo comentário, Felipe! Eu realmente gostei do filme e vendo como uma obra única, sem olhar para os quadrinhos, ele fica melhor a cada minuto.

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