sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Outlander, O Forasteiro

Outlander
(O Forasteiro, Guerreiro Vs Predador )



“O meu povo chama-o Moorwen.”
“Moorwen?”
“Acredite em mim, a primeira vez que vi um, não sabia o que estava olhando. Era apenas uma pequena visão de luz na escuridão. E é assim que atrai as presas, com luz. Uma luz fosforescente. Mata homens, bestas, tudo... E cheira como a morte.”

Assisti Outlander apenas pelo tema. Não esperei pelo filme (a verdade é que nem sabia dele), não vi Trailer e antes de assisti-lo não sabia nada mais do que uma idéia vaga sobre oque se tratava. “Um filme que mistura 13° Guerreiro com Predador”.

Podia ser trash... afinal não são poucos os filmes de fantasia que tem vikings no meio que simplesmente são um lixo (Desbravadores, por exemplo, ainda estava entalado na minha garganta). O elenco, no entanto, me fez repensar. Havia nomes sérios como James Caviezel, mas também veteranos de filmes fantásticos como Ron Perlman (de Hellboy, Alien 4, Ilha do Dr. Moreau entre tantos outros) e Jon Hurt (também de Hellboy, V de Vingança entre muitos e muitos outros), de modo que minha expectativa aumentou.

E eu que sempre procuro novos filmes de fantasia gostei; um bom exemplo como há muito não via.

Outlander (2008)
O Forasteiro
Guerreiro vs. Predador
de Howard McCain

com

James Caviezel (Kainan)
Sophia Myles (Freya)
Jack Huston (Wulfric)
Ron Perlman (Gunnar)
John Hurt (Rothgar)

Outlander conta uma história que vista de diversos pontos de vista pode ser contada de inúmeras maneiras. Se pudéssemos assistir ao filme pelos olhos de Kainan, o personagem principal, seria uma ficção cientifica pura. Se víssemos pelos olhos de Rothgar ou sua filha Fraya, seria um conto sobre monstros e deuses, e visto pelo Moorwen seria sobre a destruição de uma espécie inteira.

Um império inter-estelar tem colônias em diversos planetas, e, retornando de uma missão uma de suas naves acidenta-se e termina por cair na terra, na Noruega no ano de 709, quando os Vikings (que eram, na época, pouco mais que um amontoado de tribos) dominavam. Kainan manda um sinal de socorro, mas oque mais o preocupa não é retornar, e sim caçar um monstro que ele sabe, caiu junto com ele.

Kainan rastreia o monstro pela região, terminando em uma aldeia completamente destruída, e, por fim ele acaba por ser capturado pelos moradores locais, de um clã liderado pelo guerreiro veterano Rothgar.

Os membros do clã estão furiosos, e querem saber quem destruiu a vila. Kainan usa termos simples para explicar oque acontece e diz que um dragão, ou como o povo dele chama; Moorwen, entrou em seu navio, matou a tripulação e o fez naufragar ali.

O clã, pouco importa o monstro e acredita ser apenas uma história contada por Kainan. Eles se preocupam com a vila destruída pois ela pertencia a Gunnar (um Ron Perlman irreconhecível à primeira vista) e ele, inimigo do clã, os culparia pelas mortes e possivelmente logo começaria uma guerra.

Cabe a Kainan tentar juntar os clãs contra o inimigo derradeiro e que poderia acabar com toda a vida na região.

- Trailer



- Crítica

Não conheço outros trabalhos de Howard McCain. Ele dirigiu apenas coisas para TV e curtas antes deste filme, mas como um escritor é familiarizado com monstros e fantasia uma vez que escreveu o roteiro de Underworld: Rise of the Lycans e está trabalhando no roteiro do mais novo Conan (que dizem, sairá em 2010).

13° Guerreiro (13th Warrior, John McTiernan, 1999) poderia ser oque melhor teríamos dos filmes de vikings modernos e mesmo ele deixa muito a desejar. Com porcarias como Desbravadores, Beowulf entre outros, posso dizer que esta ficção cientifica faz mais pelos vikings do que a maioria das baboseiras que vemos nos cinemas ultimamente.

A história é difícil de orquestrar, uma vez que consegue misturar mundos diversos como Fantasia Medieval, Ficção Cientifica e Monstros, mas mesmo assim sob a batuta de McCain a coisa anda e se desenvolve bem, num ritmo constante e que mescla ação, lutas e uma trama convincente.

James Caviezel está excelente como o estóico guerreiro vindo do exterior e temos um apoio muito consistente com nomes como Jon Hurt e Ron Perlman (que mesmo fazendo um papel de pouco destaque fisicamente aparece muito bem em tela como o gigantesco Gunnar que ataca com dois imensos martelos de guerra). Sophia Myles, como bela e rebelde filha do rei é um colírio e balanceia as cenas como a temperamental Freya.

Com uma fotografia boa, poucas vezes vemos um filme com tantas texturas; temos uma vila viking muito bem ambientada, cavernas com túneis sinuosos, cenas aquáticas e de navios, e é claro lutas e mais lutas que não poderiam faltar num filme do gênero.

Não poderíamos acabar sem falar na criatura, o Moorwen. O filme não tem um orçamento vasto e os efeitos não são exatamente de ponta, no entanto, fazem um bom trabalho e conseguimos sim perceber que a criatura é viva e possível. Chegamos mesmo a nos espantar; com sua aparência bestial e apetite voraz por corpos humanos ele ainda assim é um ser digno de pena uma vez que conforme a história se revela entendemos que a criatura não teve outra escolha a não ser fazer oque estava fazendo e que ela também é uma vitima em uma história em que nada é oque parece ser; um deus é apenas um homem e um monstro é apenas uma vitima.

A maior surpresa deste filme, ao meu ver, é a falta de conhecimento sobre ele. Até esta data não havia visto trailers, propaganda ou nada sobre ele; e este filme poderia ser um daqueles que é esperado por uma legião de fãs do gênero.

- Veredicto

Por conseguir balancear Ficção Cientifica, fantasia medieval e um filme de monstros como pouco vemos, Outlander é um filme válido e que merece ser visto. Se os efeitos são limitados até certo ponto, isso não faz nenhuma diferença, uma vez que a história é convincente e os atores fazem um trabalho razoável para realiza-la. Para os fãs de fantasia medieval, de ficção cientifica e jogadores de RPG em geral, assista sem medo.

- Trivia

Percebemos várias referências a outros filmes de fantasia/medievais, sendo, por isso, os nomes dos personagens nórdicos tão clichê quanto podem parecer. Temos um Boromir (Senhor dos Anéis) uma Freya (deusa nórdica), Gunnar (nome infinitamente comum em paises escandinavos e há um personagem na canção dos nibelungos que muito se parece com o personagem de mesmo nome da tela).

Tanto nos filmes Eric o Viking (Erik the Viking, Terry Jones, 1989), quanto Beowulf e Grendel (Beowulf & Grendel, Sturla Gunnarsson, 2005), quanto Dragonslayer (Dragonslayer, Matthew Robbins, 1981) há uma cena que um sacerdote ao ver um monstro mitológico o enfrenta em nome de Deus. Em Eric e Beowulf a criatura simplesmente ignora, mas em Dragonslayer e Outlander a criatura despedaça o religioso.

O sangue da criatura é verde e brilhante da série Predador .

Usando as figuras da terceira edição de D&D a criatura lembra um cruzamento de um dragão de prata com um bullete.

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