segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Flickan Som Lekte Med Elden (A Menina que Brincava com Fogo)

Flickan Som Lekte Med Elden
(A Menina que Brincava com Fogo)




“Se os seus relatórios disserem que estou me comportando bem,
eu liberarei você quando a minha tutela terminar.
Mas se falhar, mandarei o nosso filme para todos os jornais
do país. Se algo me acontecer ou eu morrer, o filme
será divulgado. E se me tocar de novo, eu matarei você.
E mais uma coisa.
Se visitar a clínica em Marselha para remover a tatuagem
eu farei um novo trabalho.
Desta vez, na sua testa.”



O filme dá continuidade à saga de Stieg Larsson. Havia comprado os livros da série logo em seguida ao primeiro filme, e mesmo na época tendo saído esta continuação, fiz questão de ler o primeiro e o segundo livros antes der assistir ao segundo filme.

Isso, obviamente, pode ter influenciado minha opinião...

Flickan Som Lekte Med Elden, 2009
Millennium Part 2 – The Girl Who Played With Fire (título internacional)
The Girl Who Played With Fire (título alternativo)
Millenium II (título alternativo)
A Menina que Brincava com Fogo (título em português)
de Daniel Alfredson

com
Michael Nyqvist (Mikael Blomkvist)
Noomi Rapace (Lisbeth Salander)
Peter Andersson  (Bjurman)
Paolo Roberto (Paolo Roberto)
Micke Spreitz (Ronald Niedermann)

pode conter spoilers

Após o caso Wennerström (mostrado no primeiro filme) Lizbeth Salander afasta-se de todos que pode chamar de amigos, incluindo Mikael Blomkvist, e usa o dinheiro que conseguiu para viajar pelo mundo só voltando à Suécia um ano depois. Nesse tempo, Bjurman, o advogado que cuida da tutela de Lizbeth, que a tinha estuprado e que Lizbeth havia se vingado de maneira espetacular, tenta meios de sair da situação de chantagem que ela havia o colocado, fazendo inúmeros contatos no submundo.

Lizbeth vê o esforço de Bjurman, e volta a sua casa para lembrar o “contrato” que eles tem, e tudo parece voltar à normalidade até que sem mais nem menos Salander é acusada de assassinar um casal que trabalhava para desmascarar inúmeros políticos e figuras públicas da Suécia que colaboravam com tráfico de mulheres na Europa oriental, e que iriam publicar tudo na revista Millennium.

A partir daí cabe a Blomkvist, ora assessorado por Lizbeth, ora por conta própria, lutar para descobrir o que está acontecendo e provar a inocência de Salander. Blomkvist descobre, então, o passado da garota, o porque dela estar sob tutela e porque tantas pessoas que querem que Lizbeth seja institucionalizada e calada.

- Trailer



- Critica

Não é fácil tentar criticar o filme após ter lido os livros, mas posso ao menos traçar um paralelo com a primeira parte. O primeiro filme conseguiu manter de maneira bastante satisfatória o clima obscuro e denso em que a trama é passada, fazendo sim mudanças, mas que em maioria serviam para dar a fluidez necessária para que a história se desenrolasse no tempo que um filme cabe. (afinal é um livro de mais de 500 páginas)

O segundo filme, no entanto, não consegue o mesmo feito principalmente pela densidade e complexidade da trama. O que assistimos na primeira hora de exibição são cenas desconexas onde vemos retalhos de história que tentam a todo custo formar um todo sem muito sucesso, dando um aspecto um tanto videoclíptico para o filme sem que isso chegue a lugar algum.

Não vemos explicações suficientes do porque Lizbeth ter se afastado, do trabalho de Dag Svensson e Mia Bergman (pelo que mostra no filme seria apenas um exemplar qualquer de revista feito por um jornalista freelancer), de como e porque o “Gigante Loiro” aparece e das relações dos personagens em cena, principalmente a relação de Lisbeth com Holger Palmgren (Lizbeth é um personagem que nunca parece se importar realmente com ninguém, e em momento algum é explicado porque ela iria visitar Holger, por exemplo) e nem de Mikael com Erika. Tudo é rápido demais, fraco demais e solto, não formando uma trama sólida como conseguiu Niels Arden com o primeiro filme, e fazendo com que o segundo volume da Trilogia Millennium desande tornando-se confuso e desinteressante.

Sob a direção de Daniel Alfredson Noomi Rapace no papel de Lizbeth, que no primeiro filme apareceu excelente, está opaca e sem a força inicial. O asqueroso Bjurman interpretado por Peter Andersson perde sua capacidade de nos chocar como antes e a trama foi cortada, re-cortada e condicionada num todo que não convence. Os planos de filmagem são mal colocados, a fotografia clara demais para um filme com uma densidade e obscuridade como o que este pretendia ser e a continuidade é muito prejudicada; tudo parece ter sido feito sem esmero algum.

- Veredicto

Apesar de algumas boas atuações, como a de Michael Nyqvist, o segundo filme decepciona; e o que começou com uma promessa excelente se tornou um filme dispensável, mas que deve ser assistido aos expectadores do primeiro filme, já é a ponte para o próximo (que esperamos salve a o destino da trilogia).

- Trivia

Desconhecido no Brasil, Paolo Roberto é um dos rostos mais conhecidos da Suécia, e interpretou-se a si mesmo no filme. Ao contrário do que muitos podem pensar, Paolo não era amigo e nem conhecia Stieg Larsson, e para falar a verdade sequer sabia do livro até ele ser publicado. Acredita-se que Larsson colocou Paolo na história como uma brincadeira, e para nós seria talvez como se algum autor colocasse num livro que fala de uma temática séria, Jô Soares ou Silvio Santos, figuras conhecidas, como personagens.

Na porta do apartamento de Lizbeth temos o nome V. Kulla uma referência a Villa Villekulla, o lugar onde a personagem Pipi MeiaLonga vivia. Nos livros são várias comparações de Lizbeth com a personagem.

O filme teve estréia simultânea na Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca em 18 de Setembro de 2009.

Longe do circuito escandinavo o filme estou na Europa pela Espanha, tendo estreado lá uma semana depois, dia 25 de Setembro.

O filme foi mal recebido em todos os lugares, recebendo uma nota média no IMDB de 6.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

The Countess (A Condessa)

The Countess
(A Condessa)




“Amor é algo que existe apenas para manter
a mente de camponesas e virgens ocupadas
em um sonho.
A verdade é que ele não existe em nosso mundo”



Uma das histórias que mais tenho curiosidade é a de Lady Bathory apesar de nunca conseguir me aprofundar muito. Minhas principais informações sobre ela eram artigos publicados sobre assassinos da idade média e um documentário obscuro do Biography Channel que a pintava como uma das mais aterradoras assassinas do passado; A Condessa que se banhava em Sangue.

Há alguns anos lembro-me de ter lido a noticia que Julie Delpy (conhecida minha por ter feito a série ER e ser uma lobisomem no fraco “Lobisomem Americano em Paris”), escreveria, dirigiria e atuaria num filme sobre Bathory.

Esperei, mas não me animei. Não colocava fé nem no filme e nem na atriz, e graças aos céus, como eu estava errado...

The Countess, 2009
Bathory (título alternativo)
A Condessa (título em português)
de Julie Delpy

com
Julie Delpy (Condessa Erzsébet Bathory)
William Hurt (Thurzó Gyorgy)
Daniel Brühl (Thurzó István)
Anamaria Marinca (Anna Darvulia)

(Não confundir com o filme “Bathory” de Juraj Jakubisko de 2008)

O filme conta a história da Condessa Bathory, começando com sua infância e passando por seu casamento com o Conde Nadasdy. Após a morte marido, um poderoso guerreiro que lutava contra a invasão otomana, Lady Bathory sabia que precisa mostrar força, assim continua a financiar a campanha militar que seu marido comandava, além de não permitir que outros nobres, ávidos por poder, a ameacem de nenhuma maneira. Erzsébet assim torna-se uma figura respeitada e temida.

Neste tempo conturbado ela recebe uma proposta de casamento do Conde Thurzó, que ela recusa por não considerá-lo um partido a altura, mas logo começa um caso com o filho dele, o jovem Gyorgy Thurzó. O pai ressentido proíbe o encontro deles, e Bathory, que havia apaixonado-se pelo jovem perdidamente, pensa que foi abandonada por Giorgy principalmente por conta da idade. A condessa, então, torna-se obsecada por sua aparência e pela juventude, e vai a extremos tentando se manter jovem e quem sabe conseguir de volta Gyorgy.

- Trailer



- Crítica

Longe de ser uma estreante, Julie Delpy já dirige filmes desde 1995, com importância crescente. Seu filme anterior, 2 Dias em Paris (2 Days in Paris, Julie Delpy, 2007) atingiu uma boa notoriedade, e chegou a ser nominado e ganhar alguns prêmios em festivais europeus, mas a realidade é que nenhum filme dela chegou nem perto da densidade e grandiosidade desta produção franco-alemã.

Diferente do filme que Juraj Jakubisko fez em 2008 sobre Lady Bathory, Delpy consegue orquestrar a sua visão da história da condessa de sangue sem cair na armadilha de desconstruir todo o mito sobre ela. Vemos todos os elementos históricos e míticos de Bathory, apesar da idéia central do filme estar longe de pintá-la como uma assassina bárbara.

A fita funciona bem em todos os níveis, tendo um excelente visual, bom histórico e ação verossímil. Delpy merece grande parte do crédito, interpretando uma condessa capaz de atos atrozes, mas mesmo assim com quem podemos nos identificar. Daniel Brühl (conhecido pricipalmente por seu papel em “Adeus, Lenin!”), Willian Hurt e Anamaria Marinca estão todos muito bem.

- Veredicto

Fãs que queiram passear por uma visão fantasiosa, mas fiel ao mito e em certa dose ao personagem histórico de Lady Bathory podem assistir e se entreter com o filme de Julie Delpy. Recomendável.

- Trivia

Ethan Hawke, Radha Michell e Vincent Gallo teriam papéis no filme. Ethan Hawke faria Gyorgy, Radha seria Darvulia e Gallo interpretaria Dominic Vizakna.

Sobre o filme, Julie Delpy disse em entrevista: “Parece com uma história gótica, mas a verdade é que se trata de um drama sobre como as pessoas reagem ao receberem poder.”

Julie sabia do filme de Juraj Jakubisko, e longe de tentar se distanciar ela chegou a prestar tributo usando umas das musicas do filme de Juraj em seu próprio.

Um dos produtores do filme, Hengameh Panahi já produziu alguns filmes brasileiros. O mais recente foi "O Céu de Suely" (O Céu de Suely, Karin Ainouz, 2006)

A diretora de Arte Astrid Poeschke, já trabalhou em filmes como "V De Vingança" (V for Vendetta, James McTeigue, 2005), e "Operação Valkiria" (Valkyrie, Brian Singer, 2008).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Män Som Hatar Kvinnor (Homens que Odeiam as Mulheres)

Män Som Hatar Kvinnor
(Homens que Odeiam as Mulheres)




“Nunca tentei isso antes,
Fique quieto,
ou posso fazer um estrago...”


(frase falada a uma pessoa amarrada por
 outra com uma máquina de tatuagem)


Não esperava nada quando assisti ao filme, apesar das boas indicações, e foi uma das grandes surpresas que tive este ano. Além de esperar ansiosamente pelos outros dois filmes, comprei os livros da série Millennium.

Män som hatar kvinnor, 2009
Millennium: Part 1 - Men Who Hate Women (título internacional)
The Girl with the Dragon Tattoo (título alternativo)
The Girl who Played With Fire (título alternativo)
Homens que Odeiam as Mulheres (titulo em português)
de Niels Arden Oplev

com
Michael Nyqvist (Mikael Blomkvist)
Noomi Rapace (Lisbeth Salander)
Peter Andersson (o curador)
Per Oscarsson (Holger Palmgren)

Há mais se 40 anos Harriet Vanger desapareceu. Não há nenhum corpo, nenhuma nota de resgate e nenhuma pista sobre o que poderia ter acontecido com a menina de 16 anos, mas seu tio recebe todos os anos uma flor em seu aniversário, exatamente como ela fazia. Ele acredita que o assassino envia as flores, e procura Mikael Blomkvist, um editor de revista recentemente condenado à prisão por calúnia, mas que tem um grande histórico no jornalismo investigativo, para uma ultima tentativa de saber o que aconteceu com Herriet e quem é a pessoa que manda as flores.

Durante o processo ele tem contato com a “Hacker” Lisbeth Slander e ambos passam de caçadores à caça numa intriga que envolve família, poder e todos parecem ser suspeitos.

- Trailer



- Critica

Tendo como base os Best Sellers do autor sueco Stieg Larsson, o filme foi excelentemente dirigido por Niels Arden Oplev, um diretor desconhecido nas Américas, mas famoso e celebrado na Dinamarca. Ele conseguiu conduzir a história cheia de reviravoltas com maestria e mão firme, tornando a experiência memorável.

A história foi bem escrita e produzida para as telas, e o romance de mais de 400 páginas ganha um ritmo ágil, apesar das texturas complexas, da violência e da profundidade dos personagens, estes representados muito bem, com destaques óbvios para Noomi Rapace, que conseguiu fazer a problemática Lisbeth de maneira cativante, conseguindo que todos nós, mesmo com todas as diferenças nos identifiquemos com ela, com o que ela faz, e em algum nível compreendemos seus motivos. Além dela, é claro, palmas para Michael Nyqvist (este um pouco conhecido por aqui tendo feito o papel de Magnus o pai de Arn), que segura o papel de redator idealista da revista Millennium muito bem, e para Peter Andersson, como o asqueroso Bjurman.

Destaco ainda a cena da vingança como uma das melhores já filmadas, fazendo com que todos, principalmente todas as mulheres, adorem o filme.

- Veredicto

Há tempos não assistia a um filme que me entreteve tanto. A história é maravilhosa, a direção, competente, e os atores fazem um excelente papel tornando “Män som hatar kvinnor” um filme obrigatório para os amantes de mistério e suspense.

Altamente Recomendável.

- Trivia

Stieg Larsson (autor dos livros que deram origem ao filme) é um escritor famoso e editor de revistas na Suécia (parecendo vagamente com o personagem Mikael Blomkvist). Ele foi famoso por se posicionar contra a extrema direita e neonazistas da Suécia, escrevendo sobre eles e expondo-os em todos os níveis da sociedade, o que lhe valeu inúmeras ameaças de morte.

Noomi Rapace é filha de Rogelio Duran, um cantor espanhol.

No IMDB a nota do filme (na data da publicação desta crítica) é de 7.6, e é um dos poucos filmes que em todas as idades as notas das mulheres superam sempre a dos homens. (a média da nota feminina é de 8.0, e meninas com menos de 18 anos colocaram em média a nota como 8,9).

Noomi Rapace teve que aprender a andar de moto para o papel, e segundo disse em entrevistas, usou isso para separá-la do personagem.

Peter Andersson (o curador) é conhecido do publico sueco por papeis em filmes de drama e crime, mas também por comédias e categoriza este como um dos papeis mais densos que já fez.

Stieg Larsson morreu de infarto em 2004, só escreveu os livros da série Millennium, e estes só foram publicados em 2005 após sua morte.

Em 2008 Stieg Larsson foi o segundo maior autor em vendas no mundo, só sendo superado por Khaled Hosseini, o autor de “O Caçador de Pipas”.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Forbidden Planet (O Planeta Proibido)

Forbidden Planet
(O Planeta Proibido)




“Não importa onde você esteja na galáxia,
Isso é um pesadelo...”

- Lt. “Doc” Ostrow, se referindo a pegadas monstruosas no chão.


Meu primeiro contato com o filme foi feito de maneira completamente indireta. Havia uma loja de RPG em São Paulo, muito famosa nos anos 90, chamada Forbidden Planet, e procurando pela página dela, ainda nos tempos da internet discada, descobri que o nome da loja havia sido inspirado num filme de Ficção Cientifica antigo. Não dei mais importância que isso até por volta de 98 quando saiu uma lista dos 100 melhores filmes de fantasia e Forbidden Plannet estava entre os primeiros.

Procurei vagamente o filme até que por total acaso ontem o vi na TV a cabo (TCM).

E afirmo que praticamente toda a FC (ou SCI-FI) de hoje faz referência direta ou indireta a este filme.  

Forbidden Planet, 1956
O Planeta Proibido (em português)
de Fred M. Wilcox

com
Walter Pidgeon (Dr. Edward Morbius)
Anne Francis (Altaira 'Alta' Morbius)
Leslie Nielsen (Commander J. J. Adams)
Robby o Robô (Ele Mesmo)

Num futuro, a nave C-57D da federação dos Planetas Unidos (UP) é enviada ao planeta Altair IV para investigar a falta de comunicação deles para com seus compatriotas na terra há anos, mas ao se aproximarem são avisados pelo Dr. Edward Morbious, que não devem pousar ou estariam em grande perigo.

Cumprindo as ordens da federação, o Comandante J. J. Adams, segue com o plano e eles descobrem que praticamente toda população de Altair IV sucumbiu a um grande mal. Todos com exceção de Morbious e sua família.

Com a morte de sua esposa, Morbious e sua filha vivem sozinhos no Planeta, mas com a vinda da nave aparentemente a força estranha que matou todos os outros residentes volta, e um a um os tripulantes da C-57D começam a morrer.

- Trailer



- Crítica

Forbidden Planet é sempre apontado como um marco na ficção científica, e não é pra menos, o filme realmente consegue soar atual mesmo nos dias de hoje, além de ser bem filmado, equilibrado e contar inúmeras texturas dentro de si, pois, além de ser um excelente filme de ficção consegue sustentar um mistério de maneira bastante competente.

Talvez na época que fora filmado a película poderia ser, por muitos, colocada na vala comum dos filmes B de ficção, mas nada poderia passar mais longe da realidade. Forbidden Planet definiu como seriam os filmes de ficção de agora, e com mistério, comédia, romance e lutas memoráveis continua sendo lembrado conseguiu envelhecer bem, entrando pro Hall de filmes atemporais.

A direção de Fred M. Wilcox está impecável, talvez um tanto lenta para os dias atuais, mas consegue equilibrar tudo muito bem. Dos atores, temos que destacar os papéis interpretados por Anne Francis, impecável como a filha de Morbius que nunca antes havia visto outro homem que não fosse seu pai e que gera cenas que vão de engraçadas a constrangedoras por isso e Leslie Nielsen, que interpreta o comandante J. J. Adams (um precursor do Capitão Kirk) provando a minha geração que o viu apenas fazendo comédias, que Leslie era sim um ator multifacetado e não apenas o senhor nonsense das comédias que crescemos assistindo.

- Veredicto

Com efeitos inovadores para a época, um enredo interessante, psicológico e com aventura e mistério, O Planeta Proibido é um marco na ficção científica mundial, influenciando e soando um tanto atual mesmo nos dias de hoje. Fãs que acham que Star Wars e Star Trek são 100% originais, assistam este velho clássico e percebam o quanto não foi aproveitado pelos mestres da geração de ouro do Sci-Fi. Altamente recomendável.

- Trivia

O filme é vagamente inspirado na Tempestade, de Shaskespeare, com o planeta fazendo o papel da Ilha, Robby sendo Ariel e a criatura sendo Caliban.

Leslie Nielsen, hoje tão famoso por filmes de comédia como Corra que a Policia vem Aí e tantos outros, aparece jovem e galante no filme.

Há uma referência obvia à frase inicial de Robby e a fala inicial de c3po de Guerra Nas Estrelas (Star Wars, George Lucas, 1978).

Assim como em Star Trek eles fazem parte de uma “federação” de planetas e o médico é chamado de “doc” em situações muito parecidas com a de McCoy. Em entrevistas com o criador de Star Trek Gene Roddenbarry ele afirmou categoricamente se tinha se inspirado em Forbidden Planet. “Claro que sim!” respondeu.

Robby, estranhamente creditado no filme como “ele mesmo” apareceu (e aparece) em inúmeros filmes de Ficção Cientifica até hoje, sendo Forbidden Planet seu debut. Filmes incluem, “O menino invisível” de 1957, Gremlins de 1984, Looney Tunes - De Volta à Ação de 2003 entre outros. Em séries ele apareceu em “Perdidos no Espaço”, “Ark 2”, Além da Imaginação”, “Simpsons”, “Futurama” entre muitos outros tendo feito mais de 25 filmes e séries, sempre creditado como se fosse um ator próprio.

O robô da série “Perdidos no Espaço” é obviamente inspirado em Robby. Além disso Robby também apareceu na série uma vez.

Em Serenity (Serenity, Joss Whedon, 2005) o grupo vai atrás na nave C-57D no planeta Miranda. Isso é uma referência tanto ao Forbidden Planet quanto à Tempestade.

É dito que o aço adamantino dos Krell inspirou o Adamantium, o metal fictício usado nas garras do Wolverine.

Foi o primeiro filme a conter uma trilha sonora completamente “eletronica” que foi um marco para a época.

A parte que mostra Robby entrando em um dilema quando ordenado a matar o Comandante foi feita porque a criação de Robby foi inspirada nas leis da Robótica de Isaac Assimov.

O filme foi concebido em duas versões. A versão “matinè” onde não aparece a “indecente” parte do imediato ensinado Alta a beijar, além de diversas outras cenas de beijo e a versão “adulta” com todos os beijos que se podiam dar num filme dos anos 50.

Para 2010 está programada uma refilmagem, apesar de não termos nenhum diretor e nem atores escalados ainda.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Johnny Mad Dog

Johnny Mad Dog



"Se não quer Morrer...
Não Nasça!
Se não quer Morrer...
Não Nasça!
Se não quer Morrer...
Não Nasça!"


Tive contato com o filme quase que por acaso, um amigo meu me recomendou devido ao rebuliço que vem causando na Europa, chocando as audiências em Cannes e em outros festivais onde se apresentou. Johnny Mad Dog é um filme cru... surpreendente e que merece todos os holofotes que tem encima dele agora.

Johnny Mad Dog, 2008
de Jean-Stéphane Sauvaire

com
Christophe Minie (Johnny Mad Dog)
Daisy Victoria Vandy (Laokole)

Johnny Mad Dog é um comandante militar... ele tem perto de quinze anos e sob seu comando garotos de dez a dezesseis servem numa guerra sem lei num país não nominado na África. Johnny segue as ordens de seu coronel, invadindo quando tem que invadir, matando quando tem que matar e cometendo atrocidades quando quer.

Ele estupra, assassina e rouba junto com seus “homens” enquanto seguem tornando um golpe de estado possível, alheios ao porque da luta (se é que poderia haver um motivo para tamanha violência) e a quem isso beneficiaria.

Laokole é uma menina de treze anos, tem um pai inválido e um irmão pequeno. Eles moram na capital e a guerra lentamente se aproxima. A vida tem sido dura e difícil, mas eles tentam se manter juntos e seguir uma rotina com estudo e brincadeiras quando é possível.

A guerra finalmente chega a capital e as ordens para Johnny são de invadir e manter uma área até que seu coronel possa se juntar ao seu pelotão. A área é a mesma que Laokole tem que fugir com sua família para sobreviver.

- Trailer



- Crítica

Johnny Mad Dog é um filme visceral que dá voz a um sem número de conflitos africanos que acontecem  anonimamente no continente negro sem que isso gere nenhuma manchete em jornais ou traga a atenção internacional. As situações são todas inspiradas em conflitos que realmente aconteceram, mostrando com uma realidade explosiva como acontece o “recrutamento” dos meninos para lutar nas guerras, sua iniciação no conflito, como as ordens são dadas e a mentalidade deles antes, durante e depois dos ataques.

Como o filme se divide em dois lados, o lado das crianças que atacam e a visão de uma que tenta fugir e sobreviver também sentimos na pele não só o desespero ante a violência do grupo de Mad Dog, mas também vemos pelos olhos da pequena (e extremamente responsável) Laokole como é ter que escapar desta loucura perdendo no processo tudo que se tem numa guerra tão sem sentido.

 O diretor Jean-Stéphane Sauvaire até então havia trabalhado apenas como diretor-assistente, diretor de segunda unidade e feito alguns poucos documentários, e este que foi o seu primeiro grande trabalho de ficção (uma ficção bem realista, diga-se) conseguiu comandar com uma boa mão um grupo de atores desconhecidos, alguns com experiências de guerra, e conseguiu montar um drama cru, mas extremamente efetivo.

Os atores, não creditados ao final com exclusão de Johnny e Laokole, fazem um excelente trabalho passando uma credibilidade impar à fita tornando a experiência de assistir o filme uma verdadeira montanha-russa emocional.

- Veredicto

Sem atores conhecidos e sem que isso importe em nada, Johnny Mad Dog é um filme excelente justamente pela credibilidade que os atores colocam em seus papéis, transportando o expectador para o meio do conflito e dando a visibilidade nescessária as matanças que ocorrem na África.

- Trívia

Os nomes dos “soldados” do pelotão de Mad Dog são inspirados em nomes reais encontrados em conflitos africanos. No grupo temos nomes de personagens como “Cachorro Louco”, “Coronel Nunca Morre”, “Cabeça de Galinha” (referente ao cabelo moicano que usa) e “Nenhum Conselho Bom”; e normalmente em conflitos tribais nomes como esses eram escolhidos pelos soldados. Em Serra Leoa nos conflitos atuais, por exemplo, haviam dois coronéis reais que se alto intitulavam, “Rambo Moldado em Sangue” e “Muitas Mortes em Minhas Mãos”.

Ganhou Menção Honrosa em Cannes

O filme é falado em inglês e num dialeto local, apesar do inglês do filme ser praticamente indecifrável.

Gravado na Libéria.

O filme ganhou prêmio de melhor roteiro francês no Deauville Film Festival.

Os efeitos visuais foram feitos por François-Xavier Aubague, que também trabalhou nos filmes Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, Christopher Nolan, 2008), Speed Racer (Speed Racer, Irmãos Wachowski, 2008) e Batman Begins (Batman Begins, Christopher Nolan, 2005) entre outros.

- Bônus

Apresentamos aqui o trailer alternativo com legendas em inglês. 


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Alatriste

Alatriste



“Meu filho, você é um traidor e um incompetente.
Com os seus escrúpulos inoportunos ajudou inimigos de Deus e da Espanha.
Ações que serão purgadas pelos piores tormentos do inferno.
Mas, primeiro, vai pagar aqui na terra com a sua carne mortal.
Viu demais. Ouviu demais. Errou demais.
A sua vida, Capitão, já não vale nada.
É um cadáver que, por algum estranho azar, ainda se mantém em pé.”



Quando o filme saiu em DVD aqui no Brasil até fiquei interessado em assistir Alatriste. Não por saber da história ou nada deste tipo, apenas pela capa, e estive a um passo de assisti-lo, o que no final acabou não acontecendo, o filme foi caindo no esquecimento e por fim não o vi até semana passada quando ele passou numa dessas madrugadas na TV a cabo.

E digo que se o mundo fosse justo, este seria um dos filmes mais celebrados e conhecidos do cinema espanhol.

Alatriste, 2006
Alatriste de Arturo Pérez-Reverte (título alternativo)
de Agustín Díaz Yanes

com
Viggo Mortensen (Diego Alatriste)
Elena Anaya (Angélica de Alquézar)
Unax Ugalde (Íñigo Balboa)
Ariadna Gil (María de Castro)

Diego Alatriste é um soldado veterano do exercito espanhol que luta em Flandres. Com uma grande carreira militar ele é conhecido e famoso por seus atos, mas isso não o faz mais rico ou nobre, ele é apenas um soldado, sem maiores aspirações que viver e lutar. Durante um ataque, um companheiro de armas, Lope de Balboa, morre e em seus momentos finais pede para que Diego tome conta de seu filho.

Alatriste, honrado como é, pretende seguir o pedido apesar de se assustar em ser o responsável pelo futuro de um menino, e na volta a Madri o filho de Lope, Iñigo, vem morar com ele.

Entre guerras, Diego normalmente era empregado em serviços menores como espadachim ou coisas um tanto obscuras, como saques e serviços de mercenário para nobres mas sempre utilizando prudência e honra em seu fazer.

Um desses serviços é encomendado pelo Inquisidor Emilio Bocanegra, que contrata Alatriste e um outro soldado mercenário para matar dois “hereges” que estariam na cidade em determinado local à noite.

Durante a luta que se seguiu Alatriste acha a história dos hereges estranha e resolve poupar os homens. Isso acaba tornando-se o maior erro que ele poderia cometer e quando vem a tona a verdadeira identidade dos homens que Diego poupou, ele percebe que entrou no meio de uma disputa maior do que ele poderia imaginar. Com inimigos poderosos, Diego Alatriste precisa enfrentar guerras, golpes e sair de armadilhas feitas apenas para tentarem se livrar dele, isso enquanto cuida de Iñigo e tenta viver algum amor ao lado de atriz María de Castro sua amante de longa data.

- Trailer



- Crítica

Utilizando uma mistura de personagens reais e históricos Alatriste é um filme singular e marco do cinema espanhol. Acho estranho como ele pode ser tão mal visto, mal falado e tão amplamente criticado quando percebemos nele todos os elementos de um bom filme do gênero;

Temos uma ótima fotografia, com texturas e uma cenografia perfeitas que tem o poder de nos transportar para a Madri do séc. 17; apinhada de gente com pobres, escravos, comerciantes e transeuntes nas ruas de terra mostradas com realidade singular, além das cenas nos palácios, castelos, tavernas e lojas serem uma verdadeira imersão.

As batalhas, sejam as lutas de espadas homem-a-homem, sejam as batalhas campais nos mais inusitados lugares como em meio ao rio, num navio, em meio às planícies contra os franceses; tudo é muito bem dirigido e orquestrado com maestria por Agustín Díaz Yanes, que consegue manter uma história coerente tendo tantos fios para atar.

Os atores estão todos muito bem colocados, ninguém destoa. Seja Ariadna Gil interpretando a Atriz Maria de Castro, tanto no auge da beleza quanto na decadência, seja com Enrico Lo Verso, com o enigmático Malatesta, que não sabemos exatamente oque pensar dele até o final. As surpresas estão principalmente com o fato de vermos Viggo Mortensen num papel totalmente em espanhol (infelizmente eu não sei nada da língua de Cervantes, e não posso julgar se ele falou bem ou mal) mas que mesmo assim consegue passar uma credibilidade impar ao personagem; Banca Portillo, no papel de Emilio Bocanegra e não posso deixar de falar de Pilar López de Ayala, muito bem como a esposa de Malatesta, provando que não existem papéis pequenos, e sim interpretações pequenas.

As roupas, efeitos, cenários, e história bem cozida fizeram deste um filme surpreendentemente singular, uma vez que a mim foi extremamente mal recomendado sendo dito e repetido por críticos em inúmeros locais que o filme passaria “rápido demais” jogando o expectador de lado a outro sem a devida explicação. Contrariando esta opinião, achei o filme bem fundamentado, e mesmo contendo partes de cinco livros diferentes achei a história bem feita, agradável e com um ritmo coerente.

- Veredicto

Com uma boa ação, boa história, personagens bem construídos e lutas cinematográficas Alatriste é um marco do cinema espanhol que retrata com fidelidade o séc. 17 mostrando como poucos a Era de Ouro da Espanha, de seu apogeu à sua decadência. É um excelente filme, merece ser visto e é altamente recomendável.

- Trivia

O filme é de longe o filme espanhol mais caro já feito, tendo um orçamento de 24 milhões de Euros (30 milhões de dólares).

É baseado na série “Las aventuras del Capitán Alatriste” uma série de livros de grande sucesso na Espanha escritos por Agustín Díaz Yanes.

O filme foi quase feito anos antes com Antonio Banderas na direção e no papel principal.

Este não é o primeiro livro de Agustín Díaz Yanes a ganhar as telas numa grande produção. O primeiro foi O Nono Portal, (The Ninth Gate, 1999, Roman Polansky) que conta com nomes como Johnny Depp e Frank Langella no elenco.

O papel do Inquisidor Emilio Bocanegra é interpretado por uma mulher! A atriz veterana Blanca Portillo. É por isso que quando interpreta Agustina no filme Volver (Volver, 2006, Pedro Almodóvar), ela está com o cabelo curto.

O filme mostra partes de inúmeros livros da série, não se focando num volume especifico e inclusive na época que o filme foi feito não havia sido escrito ainda o volume que continha a batalha final mostrada na tela. O autor disse depois que quando chegou naquela parte da história ter se inspirado nas cenas do filme para escrever a ação.

Nota: sei que o filme não é medieval, mas por falta de outra classificação possivel inclui-o no marcador de filmes medievais.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

TRON (Tron: Uma Odissea Eletronica)

TRON
(Tron: Uma Odisséia Eletrônica
)



“Você acredita na existência do Usuário?”
“Claro... alguém tem que ter me escrito”


Assisti Tron há anos... o filme é do ano do meu nascimento e passou na TV quando o videocassete já era popular, pois lembro de tê-lo assistido gravado de alguma programação da madrugada. Com toda certeza sei que na época não o entendi (e assistindo novamente sei que a história era complexa mesmo), mas na hora isso não pareceu muito importante, pois quando era mais jovem o grande apelo do filme eram os estonteantes efeitos especiais.

Hoje em dia eles são talvez vistos como um tanto primários, algo risível para o garoto de 14 anos que já nasceu vendo coisas com computação gráfica na TV, mas no meu tempo (deuses estou soando velho), o filme era um vislumbre do futuro.

O assisti agora novamente por dois motivos; o primeiro deles é que TRON foi um marco, a cultura pop pega emprestado inúmeros de seus artifícios e ao assistir Family Guy parodiar a famosa cena da luta das motos, senti muita vontade de rever o filme. O segundo motivo foi que descobri que está sendo filmada a segunda parte, TRON 2.0 e deverá ser lançado nos próximos anos.

Contra todos os prognósticos, 27 anos depois, o filme continua um tanto atual e muito, muito bom.

TRON, 1982
Tron (escrita alternativa)
Tron: Uma Odisséia Eletrônica (em português)
de Steven Lisberger

com
Jeff Bridges (Kevin Flynn/Clu)
Bruce Boxleitner (Alan Bradley/Tron)
David Warner (Ed Dillinger/Sark)
Cindy Morgan (Dr. Lora Baines/Yori)

Flynn é um programador brilhante que havia escrito vários jogos que vieram a se tornar sucessos, mas ele não recebe um centavo por isso, pois ele os escreveu no mainframe da ENCOM, a empresa onde trabalhava, e outro programador, Ed Dillinger, se apropriou dos seus jogos. Dillinger ganhou rios de dinheiro, cresceu na hierarquia da companhia e conseguiu que demitissem Flynn. Dillinger também é o responsável por criar um programa chamado Master Control Program (MCP), que lentamente tomou conta de todos os aspectos da programação na empresa, ditando regras, tolhendo a liberdade dos programadores e vigiando oque cada um deles fazia gerando desgaste e frustração entre os empregados da ENCOM.

Alheio a isso Flynn vez por outra tenta invadir o mainframe da ENCOM procurando provas de que seus jogos foram roubados, mas sempre o MCP consegue descobrir e impedi-lo.

Numa dessas tentativas, o programa fecha todas as conexões, tolhendo a liberdade de outro usuário, Alan, que vai reclamar com Dillinger as constantes interrupções. Alan está fazendo um programa de segurança, TRON, e Dillinger percebe que se Alan continuar com o programa ele descobrirá não só os jogos que roubou, mas também que o MCP é o responsável por invadir inúmeros órgãos governamentais tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.

A verdade é que o MCP adquiriu um nível superior de inteligência artificial e agora não só está se expandindo, como também está ficando independente e “lutando” pela própria “sobrevivência”. O MCP sabe que TRON pode pará-lo, o MCP sabe que Flynn tenta invadi-lo e o programa está fazendo o possível para acabar com as ameaças, seja chantageando seu programador dizendo que revelaria seus segredos, seja tentando destruir os programas que ainda fazem o trabalho dos usuários.

Alan, o programador de TRON vê o cerco fechando aos usuários e junto com sua namorada, Lora, que trabalha como um projeto de suspensão de matéria em laser, resolve alertar Flynn sobre a expansão do MCP. Após discutirem oque está acontecendo os três resolvem hackear o sistema tentando liberar TRON, acabar com a supremacia do programa e colher as provas que Flynn precisa para provar que os jogos são seus.

Mas o MCP não vai deixar-se destruir tão facilmente. Ele usa a tecnologia de Lora para tragar Flynn para dentro do espaço virtual, e lá Flynn descobre outra realidade. O Master Control está se apropriando de todos os programas fiéis aos usuários e àqueles que não se juntam ao comando da máquina são enviados para serem deletados em jogos eletrônicos. Flynn agora dentro da máquina tem que lutar por sua sobrevivência nos jogos e com a ajuda de outros programas fiéis aos usuários ele tenta fugir e ajudar TRON em sua jornada para tentar acabar com a supremacia do MCP.

- Trailer



- Crítica

Falar sobre TRON é um exercício estranho, pois o filme funciona em inúmeros níveis sendo complexo e original até os dias de hoje. Teríamos, portanto, obrigação de citar o visual inovador, a animação feita com computadores (novidade em 1982), a história complexa e os efeitos visuais mesclando técnicas novas e antigas.

Visualmente o filme é estarrecedor, e com uma mescla de efeitos digitais, visuais e analógicos Tron conseguiu uma fotografia inédita, referencial e que até hoje consegue parecer um tanto arrebatadora. Numa época que não tínhamos efeitos visuais mesclando as inúmeras técnicas com que o filme foi feito, pela primeira vez pudemos ver a ação de atores, a animação em computação, os efeitos visuais e a animação em 2D que mesclados compunham com perfeição um mundo digital próprio.

Os atores fazem quase sempre dois papéis, juntando um personagem do mundo real e um reflexo deste no mundo virtual. Assim temos Jeff Bridges como Flynn e Clu, seu programa de invasão, Bruce Boxleitner como Alan e Tron, Cindy Morgan como Lora e Yori e David Warner que faz as vezes de Sark o principal guerreiro do MCP além de ser a voz do próprio MCP. Excluindo alguma canastrisse de Jeff Bridges interpretando Clu, todos os demais estão muito bem, eu destacaria Bruce Boxleitner como Tron pela seriedade do personagem (o que seria esperado num programa de segurança, creio) e David Warner que personifica com exclusividade o mal neste filme. Steven Lisberger na direção tem todo o mérito de conseguir orquestrar bem um filme como este, para que não se tinha nenhum parâmetro na época de que foi feito.

Mas mesmo com uma ação boa, atores que cumprem seu papel de maneira competente, direção cuidadosa e os efeitos bastante inovadores porque TRON não foi um sucesso? Porque o filme, ao contrário do que poderia parecer, foi o responsável pela Disney cancelar sua divisão de Ficção Cientifica abandonando completamente todos os projetos de filmes nesta área?

A resposta, talvez, seja o tema e o tempo. Tron é inovador e atual... hoje. Na época a cultura da informática, da informação, da eletrônica, dos efeitos, jogos eletrônicos e da interconectividade estava engatinhando e ainda fora da esfera da grande maioria das pessoas. A parcela da população com acesso a computadores, aos assuntos e aos desafios mostrados em cena eram mínimos. E apesar de hoje haver discussões sobre invasão de privacidade e até onde um servidor pode ter acesso aos arquivos particulares de um usuário, sobre apropriação de propriedade intelectual e sobre segurança e invasão de computadores, isso em 1982 simplesmente não tinha nenhum apelo ao expectador. Este fator somado à história complexa fez com que tudo soasse confuso demais à maioria dos expectadores, e o filme ficasse gravado na memória das pessoas não como um marco na discussão de liberdade de informação, ou por sua boa história complexa, mas apenas como um filme de apelo visual e com efeitos, que apesar de belos não sustentam o interesse na fita e sem que os expectadores soubessem exatamente a que ele veio.

- Veredicto

Apesar de um tanto confuso e funcionar em vários planos Tron é um marco, e mais de 20 anos depois o filme ainda soa atual; seus efeitos, ainda são visualmente interessantes e sua trama, ainda tem apelo à nossa geração. A verdade é que talvez apenas agora o filme seja realmente compreendido.

Tron vale a pena. Se você já viu quando jovem, vale a pena rever e poder se maravilhar, se nunca viu, assista... veja como em 1982 foi criado algo que diferente de todos os postulados da informática, ainda é antigo e atual.

- Trivia

Steven Lisberger, o diretor e escritor da história, pensou em fazer o filme após se impressionar com o jogo PONG. Ele viu uma máquina num restaurante e mergulhou no mundo dos jogos de videogame querendo saber como poderia incorporar isso a um filme.

Vários animadores da Disney se recusaram a trabalhar no projeto, pois ele continha cenas de computação gráfica e eles achavam que isso além de tirar o “espírito” da animação era uma forma de ajudar a acabar com os próprios empregos. (hoje em dia com a crise da animação em 2D a computação realmente tirou os empregos dos animadores convencionais que não souberam se adaptar à nova animação).

O filme não foi indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Especiais simplesmente porque alguns dos efeitos foram gerados por computadores, e isso na época foi considerado “trapaça”. Efeitos especiais tinham que ser visuais e “criados pelo homem”, não por máquinas.

O filme encerrou os projetos de ficção cientifica da Disney devido ao baixo retorno.

Custou 17 milhões.

O conjunto eletrônico Daft Punk disse em diversas entrevistas que TRON era um dos filmes que os inspiraram a escrever musica eletrônica, e foi recentemente anunciado que na seqüência do filme TRON 2.0, a banda fará a trilha sonora.

Tanto Jeff Bridges quanto Bruce Boxleitner deverão aparecer em TRON 2.0 dando seqüência a seus personagens, Flynn e Alan.

Em South Park quando os judeus evocam Moisés ele é exatamente igual ao MCP.

É citado várias vezes em Uma Família da Pesada (Family Guy), Simpsons, Frango Robô (Robot Chicken) e Southpark.

Na série Chuck, o personagem principal tem em seu quarto um pôster de TRON.

Clu é o nome de uma antiga linguagem de programação.

End of the Line

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Beowulf & Grendel (A Lenda de Grendel)

Beowulf & Grendel
(A Lenda de Grendel)




“Ao chegar em casa Beowulf soube que os amigos do oeste dormiam em meio à carnificina. Um Troll havia trazido morte aos dinamarqueses.
 E o grande Beowulf, melhor entre os melhores, aquele que luta sem medo com qualquer homem, levará consigo mais doze espadas dos geats para acertar as contas com a coisa.”


Em 2005 quando soube que este filme estava sendo feito, esperei como um louco até conseguir colocar as mãos em uma cópia. Não vi trailer, não conhecia o diretor e Gerard Butler não era conhecido como hoje em dia. A única coisa que me manteve esperando este filme foram as fotos de produção, mostrando que pretendiam ter não uma abordagem cinematográfica, mas pretendiam contar uma história possível sobre a famosa lenda de Beowulf.

E apesar de grande parte da crítica repudiar o filme, ele me entreteu bastante e está entre os melhores do gênero em minha opinião.

Beowulf & Grendel, 2005
Beowulf and Grendel (escrita alternativa)
Bjólfskviða (em Islandês)
A Lenda de Grendel (em português)
de Sturla Gunnarsson

com
Gerard Butler (Beowulf)
Stellan Skarsgård (Rei Hrothgar)
Sarah Polley (Selma)
Ingvar Sigurðsson (Grendel)
Tony Curran (Hondscioh)

O Rei Hrothgar tem um problema, após construir um novo Hall (ou Meadhall um salão para beber Hidromel) tem sido sistematicamente atacado por um troll. Grandes guerreiros morreram, o estado definha, seus inimigos começam a estudar uma invasão e a criatura a despeito dos esforços do rei, aparentemente não quer lutar com ele. A noticia da necessidade de um grande guerreiro se espalha até Geatland (que atualmente compõe a Suécia), onde com a permissão do Rei Hygelac, Beowulf, detentor de grandes feitos, se oferece para caçar a criatura.

Após a chegada, a situação é pior do que se esperava, o rei está mais desesperado e a criatura se esquiva dos ataques de Beowulf e do seu grupo de geats, recusando-se também lutar com eles. Muitos acreditam que até os deuses os abandonaram, fazendo com que muitos vikings pensem em se tornar cristãos, e Beowulf começa a acreditar que seus esforços foram vãos e que o problema de Hrothgar é grande demais até que Selma, a bruxa “que nenhum homem feliz quer ter por perto”, começa a esclarecer a situação.

E é bem mais do que um monstro atacando uma vila.

- Trailer



- Critica

Beowulf & Grendel é um filme interessante principalmente porque exercita de maneira muito competente algo que está em falta em filmes do gênero, algo que chamamos de “Realismo Fantástico”.

Por um lado é uma história fantástica, uma lenda, que trata de Trolls, Bruxas, Hags e coisas do tipo, mas para mérito do filme e para apreciação dos amantes do gênero tudo é tratado de maneira especialmente histórica. Não vemos exageros, grandiosidades que comummente são encontradas em filmes deste tipo. Como exemplo disso grupos de homens armados que faziam ataques eram daquele jeito, poucos e especializados no que faziam, assim como reinos eram pequenos e quase todo homem com alguma riqueza tinha uma coroa sobre a cabeça dizendo-se rei.

Outros filmes que tentaram retratar o mesmo poema, sempre caem nos pecados de misturar a alta idade média, com a baixa; mostrando reinos enormes, castelos que não existem naquela parte do mundo, armas e armaduras de outras épocas e coisas do tipo. Oque vemos em todo momento na tela são sempre pessoas vestidas, e nunca fantasiadas, este seria um dos grandes méritos e vantagem sobre outros filmes do gênero.

A produção de Sturla Gunnarsson é perfeita no que se propõe. As coisas parecem ter sido retiradas da época, construídas, utilizadas. Todos os objetos, do Hall ao navio, das armas às armaduras, da terra às pedras foram bem colocadas criando uma atmosfera perfeita para o desenrolar da história.

Em relação aos efeitos também tenho que afirmar que eles estão simplesmente perfeitos para o que o filme se propõe. Não vemos computação gráfica, não vemos montagens, nem nada deste tipo. Oque vemos é um bom trabalho de maquiagem e a utilização de artifícios simples, mas eficientes para criar “monstros” e “efeitos”. Os próprios trolls,são criados preponderantemente com o recurso perspectiva forçada (quando a câmera fica perto deles e longe dos demais atores dando a impressão que eles são maiores que os demais).

Em relação aos atores temos excelentes atuações, médias e as que deixam um pouco a desejar. Como excelentes poderíamos destacar Stellan Skarsgård como o Rei Hrothgar, é uma figura que desperta compaixão e pena, sempre bêbado, sempre se desesperando com o fato de não estar conseguindo cumprir o seu papel. Seja bêbado em seu salão, seja tentando parecer importante ou qualquer coisa do tipo Skarsgård está bem retratando um rei decadente e envelhecido mas sempre como um ser humano. Ingvar Sigurðsson, como Grendel está perfeito, monossilábico, mas com uma boa linguagem corporal, Ingvar consegue fazer um monstro com caráter, que ninguém odiará com sangue nos olhos de fato, mas que mesmo assim continua sendo um monstro. Eu ainda diria que Sarah Polley como Selma está bem colocada, ela ao meu ver consegue passar credibilidade como a mulher que vê a morte de todos, e a única que sabe oque está acontecendo e pode manipular a situação, assim como destacaria Steinunn Olina como rainha Wealhtheow, sendo um papel secundário mas bem constituído. Gerard Butler, como Beowulf, não está mal, um tanto quanto monossilábico, mas creio que isso seria oque se espera de um herói viking da época... afinal, como ele mesmo diz “Os Geats não usam palavras quando as espadas que falam de verdade” e as cenas de ação e luta são boas.

As criticas que dizem que o filme utilizou de linguagem inapropriada (sejamos claros... a maioria condenou o uso de termos fora de época como em “Fuck the Troll”) são ao meu ver, irrelevantes. Construir navios para um filme deveria ser mais bem visto do que destruí-lo apenas por algumas palavras, que em contesto são totalmente utilizáveis. Sim, o termo não existia à época... mas com toda certeza havia algo semelhante, e colocar termos e linguagem mais atual ao meu ver foi um ponto positivo.

Para finalizar gostaria de ressaltar a atuação de Eddie Marsan como Padre Brendan, o Celta. É impagável e divertido ver sua pregação louca, sua fé cega e as “discussões teológicas” que tentam provar a existência de cristo e superioridade da religião cristã ante aos deuses nórdicos.

- Veredicto

Por ser um filme que retrata com boa quantidade de acertos a situação da época, por trazer efeitos que não soam artificiais ou emplastrados, por mostrar uma boa história Beowulf & Grendel é um filme altamente recomendado aos fãs do gênero. Pena não termos mais filmes da mesma qualidade dele.

- Trivia

Gerard Butler já estava se preparando para 300 durante as filmagens de A Lenda de Grendel. E podemos ver que seu físico já está bastante constituído mas ainda não da forma do 300.

O orçamento total do filme foi de 13-14 milhões de dólares. Como comparação a animação A Lenda de Beowulf (Beowulf, Robert Zemeckis, 2007) filme fraco, e emplastrado demais na minha opinião, custou 150 milhões.

Em 2006 foi lançado um documentário chamado “Wrath of Gods” dirigido por Jon Gustafsson (que foi ator do filme e que aparece em A Lenda de Grendel creditado como Guerreiro #2) que conta como foram as filmagens de A Lenda de Grendel. O filme mostra as grandes dificuldades que tiveram que ser ultrapassadas para as filmagens e foi muito bem recebido tendo ganhado inúmeros prêmios.

Nick Dudman foi responsável pela maquiagem, ele também atuou em todos os filmes da série Harry Potter e dos filmes Batman Begins, Judge Dredd, Alien³ (entre muitos outros) e até mesmo Floresta Negra e A Lenda, ambos resenhados pelo blog.

- Bônus

Trailer de Wrath of the Gods.



terça-feira, 26 de maio de 2009

The Haunting in Connecticut, Evocando Espíritos

The Haunting in Connecticut
(Evocando Espíritos)




“Num lindo dia no meio da noite
Dois garotos mortos se levantaram para brigar
De costas um para o outro eles se encararam
puxaram suas espadas e atiraram
Um policial surdo ouviu o barulho
Veio e matou os dois meninos mortos”


Eu pouco sabia de Evocando Espíritos, apenas sabia de sua premissa principal, o filme havia supostamente sido baseado em fatos reais. Não é bem assim...

The Haunting in Connecticut, 2009
Evocando Espiritos (em português)
de Peter Cornwell

com
Virginia Madsen (Sara Campbell)
Kyle Gallner (Matt Campbell)
Elias Koteas (Reverend Popescu)
Amanda Crew (Wendy)

Matt é um adolescente com câncer, e sua família faz tudo para ajuda-lo, apesar de todas as dificuldades financeiras e emocionais do processo. Sara, sua mãe, tem que dirigir quilômetros e quilômetros até uma cidade em Connecticut onde fica o hospital onde ele faz tratamento, e chega um momento que isso se torna insustentável. A família, mesmo com dificuldades financeiras enormes, resolve então comprar uma casa nos arredores do hospital, para que não ficasse tão ruim as idas e vindas.

A casa, muito mais barata do que a média, no inicio parece acolhedora e perfeita para a família, mas pouco a pouco coisas estranhas começam a acontecer, e quando a família descobre que a residência já havia sido uma casa funerária já é tarde, eles estão no meio de um conflito entre os espíritos.

- Trailer



- Crítica

Evocando Espíritos é um filme divertido, dirigido por Peter Cornwell que não havia feito trabalhos relevantes no cinema antes deste, mas estrelado por nomes razoavelmente conhecidos como Virginia Madsen (que está muito bem) e Elias Koteas que conseguem passar alguma carga de verossimidade à fita. No entanto, penso que oque faz do filme uma diversão boa para uma tarde é um fato isolado mais do que por todos os esforços dos atores e diretores. A presença premissa de que o filme é baseado em fatos reais.

O filme se esforça para isso, juntando elementos que seriam apoiados pelo sistema de crenças do espiritismo que goza atualmente de algum crédito em relação à comunicação e ajuda a espíritos presos nesta terra.

O aparecimento destes elementos ainda mais num país como o nosso onde que nutre uma grande simpatia pela doutrina de Alan Kardec fez coisas incríveis no cinema... haviam pessoas gritando no cinema conforme a trama se desenrolava. Sustos faziam com que muita gente suspirasse e ouvia comentários das pessoas à minha volta de “Meu deus, tenho que sair daqui.”

Acredito que todos esses comentários, sustos e reações, só foram possíveis por conta de que todos viam oque se desenrolava na fita como algo possível, algo que havia acontecido a uma família e algo que está enraizado em parte da população em seu sistema de crenças pessoais com a continuidade da alma e a existência de espíritos presos em nosso plano, seja eles bons ou maus.

Usar esses elementos (mostrando seções espíritas e médiuns na tela) foi uma forma de comprar a credibilidade com muitas pessoas e leva-las ao terror com as situações, e feito isso desta maneira é mérito sim do diretor e da produção do filme no que tange a controle e criação de um clima.

No entanto nada do que aparece na tela é real, verdadeiro ou realmente baseado em fatos reais... isso não torna o filme pior, de maneira alguma... se o diretor conseguiu levar os expectadores a experimentarem uma gama de sentimentos por estímulos, é mérito dele, mas infelizmente (como é exposto ao final desta critica) nada do que se vê na tela é real e portanto fica a pergunta, as pessoas teriam as mesmas reações que pude ver no cinema (e que muitos poderiam experimentar mesmo em casa) se eles não ficassem dizendo a todo minuto que as coisas na tela são reais e baseadas num fato que aconteceu supostamente com uma família comum e “boa” como pode ser a do expectador?

Não sei... acho que não.

- Veredicto

Com a utilização por parte do diretor de elementos que soam reais e de uma história teoricamente baseada em fatos reais o filme segue assustando uma multidão de expectadores, no entanto de real o filme pouco tem.

- A Verdade sobre o filme “Haunting of Connectcut” (contém MUITOS spoilers)

A história real que deu origem ao filme e a um livro é de Allen e Carmen Snedeker, um casal que realmente como o filme se mudou para poder ajudar no tratamento do filho contra um câncer. Diferença principal aí seria o fato de não ter essa separação entre casa nova e velha; quando a família se mudou, se mudou. Não teve essa parte de “duas casas duas hipotecas” como vimos no filme que visava principalmente mostrar uma família que enfrentaria dificuldades financeiras imensas para cuidar do filho. As dificuldades existiam, mas de maneira bem menos dramática da que foi mostrada na fita. 

Vale ressaltar que não havia sobrinhas ou outras pessoas na família. O casal tinha uma filha mais velha e três filhos pequenos... sendo um dos filhos pequenos o que tinha câncer.

Além disso, os primeiros a perceberem qualquer sinal de aparições não foram as crianças pequenas, foram os pais, eles começaram a ver coisas e a experimentar situações que eles classificavam como inexplicáveis, no entanto, os filhos, se experimentaram algo foi em seguida aos pais e não da maneira como foi mostrada, onde o filho doente e fragilizado seria o ponto principal das aparições e da sensibilidade ao que acontecia.

Sobre a casa podemos falar que sim, havia sido um estabelecimento funerário, mas longe de ser da forma como foi mostrado no filme. Não haviam moveis ou quartos com objetos da casa funerária, não haviam livros, coisas nas paredes, ou absolutamente nada assim. O único vestígio da casa funerária deixado para trás foram algumas garrafas de liquido embalsamador... assim tudo que mostra no filme em relação a fotos, objetos e principalmente a sala de embalsamamento no porão é absolutamente falso, nada daquilo realmente estava lá e isso inclui as “pálpebras” e outros objetos tidos como utilizados na criação ou utilização de necromancia. Na realidade, apenas o espaço da casa havia sido utilizado por uma funerária e não haviam corpos enterrados no local ou coisa alguma nesse sentido.

Chegamos agora ao ponto principal das aparições, e esta parte talvez seja a parte mais diferente da realidade. Creio que muitas pessoas acreditavam e chegaram a ter grandes reações ao filme no cinema pelo fato se serem espíritos e serem mostrados “médiuns” e “seções espíritas” com a presença de “pesquisadores sérios e cientistas”.

Absolutamente nada disso aconteceu.

As aparições na casa não foram de espíritos, não foram conduzidas seções espíritas e na história original não houve médiuns ou qualquer pessoa relacionada a doutrina de kardec. A família, e isso vale ressaltar, não foi em nenhum momento assolada por espíritos. A família real do fato foi assolada por DEMÔNIOS, que tinham chifres e cauda pontuda... (oque é bem difícil de qualquer pessoa normal acreditar e levar muito a sério hoje em dia... no entanto, em relação a espíritos há uma maior aceitação).

E a partir deste fato a história real fica cada vez mais fantasiosa a ponto de não ter credibilidade nenhuma. O casal real da história via demônios em casa, e eles faziam coisas como sexo com a mãe e com o pai. O casal reportava que eles eram estuprados pelos demônios com constância praticamente diária. E pior, isso se deu por ANOS sem que eles achassem que fosse um problema suficientemente grande para que vendessem a casa ou fossem embora dela.

E como o problema acabou. Um casal de “estudiosos do sobrenatural” famosos Ed and Lorraine Warren foram a casa e “expulsaram” os demônios com rituais próprios. Em seguida achando que a história poderia dar algum lucro como em Amityville, os “estudiosos do sobrenatural” compraram a história da família e pagaram a um autor de ficção chamado Ray Garton (responsável inclusive por escrever sobre Buffy A caçadora de Vampiros) para escrever o relato real do que aconteceu na casa.

Até aí tudo bem... mas o escritor simplesmente achou impossível escrever qualquer coisa vagamente real, e a verdade é que a família mudava o relato praticamente cada vez que o contava... quando estavam sozinhos contavam de uma forma e quando estavam juntos a história era bem diferente... as datas e quando tinham começado também mudavam e logo o autor viu que não podia escrever nada “real” assim... resolveu apenas usar lugares e a idéia geral e escreveu um livro rentável e que misturava espíritos (que até então não existiam, era uma história sobre demônios) médiuns e esse tipo de coisa (quando NADA disso realmente apareceu) e fez um livro “vagamente baseado em fatos praticamente reais”.

Vale ressaltar que a casa NUNCA foi demolida, queimada ou nada deste tipo... ela no máximo foi reformada, e o filho não recebia um tratamento experimental como mostrado. 

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

Faster, Pussycat! Kill! Kill!



“Senhoras e senhores, bem-vindos a violência! Tanto da palavra como da ação porque a violência pode manifestar-se de várias maneiras, sendo que sua forma preferida ainda
continua sendo o sexo.

A violência devora tudo o que toca, seu apetite quase
nunca se satisfaz, mas ela não se importa só em destruir; ela também pode crir e moldar.

Examinemos mais detalhadamente a mais nova e maligna criação desta nova geração presa e contida na pele macia da mulher.
 A doçura e o perfume inconfundíveis das fêmeas são brilhantes e cheios de luxúria. O corpo dócil e macio...
Mas atenção! Ajam com cuidado e não baixem a guarda! Esta espécie causa estragos sozinhas e quando estão em grupo. Sem importar o lugar, o momento, ou com quem quer que seja. Quem são elas? Uma delas pode ser sua secretária. A recepcionista do seu médico.. ou até uma dançarina de um Go-Go Club!”

- Texto falado no Inicio do Filme

Há muito tempo eu prometia a mim mesmo assistir o famoso Faster, Pussycat! Kill! Kill! mas nunca parecia ser o momento certo, no entanto, nesse marasmo sem filmes que valham a pena (Uol-verine ainda está entalado na minha garganta como uma das maiores porcarias pintar em muito tempo), me animei e assisti o clássico de Russ Meyer.

E posso dizer que o filme é Diversão garantida, ou seu dinheiro de volta!

Faster, Pussycat! Kill! Kill!, 1965
de Russ Meyer

com
Tura Satana (Varla)
Haji (Rosie)
Lori Williams (Billie)
Sue Bernard (Linda)
Dennis Busch (o Vegetal)

(A descrição do filme pode conter Spoilers)

Varla, Rosie e Billie são dançarinas de boate, que gostam de fazer corridas com carros velozes no deserto. Não sabemos as atividades exatas delas, mas podemos ver que Varla parece ter um passado um tanto quanto violento e além de ser a mais truculenta, fria e rápida no volante é também uma espécie de líder das demais.

Enquanto estão correndo no deserto conhecem Tommy e sua namoradinha Linda, e aparentemente apenas para se divertir Varla começa a incita-lo a participar de uma corrida contra ela, provocando o casal com todo tipo de coisa que podia. Tommy é membro de um clube de carros e não quer correr contra ninguém e nem cometer nenhuma imprudência, querendo apenas tomar seus tempos na pista do deserto, mas as mulheres o provocam tanto que ele por fim concorda e corre contra elas.

A corrida é acirrada, e após quase haver um acidente grave, Varla ganha. As mulheres continuam a provocar Linda e Tommy, e depois de Varla roubar o cronômetro de Linda, e chamar Tommy para briga, acontece uma luta surpreendente e improvável onde Varla, sem muita dificuldade domina e mata Tommy, tomando Linda como refém em seguida.

Rosie é contra tudo àquilo, Billie é inconseqüente demais para pensar à frente, mas Varla promete que logo também se livrarão de Linda, e durante sua fuga elas tem contato com um velho que aparentemente viveria sozinho com seus filhos e que teria muito dinheiro guardado.

Varla então convence suas amigas a tentarem achar e roubar o dinheiro do velho, sem saber que o próprio velho também tem planos para as garotas.

- Trailer



Antes de começar o Trailer aparece o seguinte aviso:

Pelos próximos 90 segundos, enquanto o trailer está passando, todos os expectadores com qualquer nível de sabedoria, gosto ou inteligência por favor mantenham seus comentários para SI MESMOS, ou PREGAREMOS SUAS LINGUAS NO CHÃO.

Obrigado.


- Crítica.

“Eu nunca tento nada, Eu apenas faço.”
- Varla, desafiando Tommy para Corrida

Russ Meyer é tido como o rei do cinema de Exploitation, sempre fazendo filmes que mulheres dominam, destoem ou acabam com homens em diversas situações, e Faster Pussycat! Kill! Kill! é sua obra mais conhecida e celebrada.

Em 1965 enquanto todos aplaudiam filmes como A Noviça Rebelde (que ganhou o Oscar daquele ano), A Nau dos Insensatos e O Espião que Veio do Frio, Meyer conseguiu fazer um filme extremo, divertido, violento e atemporal que viria a ser aplaudido, influenciado e celebrado por anos e anos que se seguiram.

No filme temos carros em alta velocidade (sem a atitude pedante da série Velozes e Furiosos), luta, violência e mulheres, muitas mulheres praticando oque em 1965 só poderia ser visto como as maiores atrocidades possíveis, uma vez que longe de serem recatadas, submissas e castas, as mulheres na obra de Meyer são predadoras vorazes, violentas e extremamente sexuais.

As cenas de ação do filme estavam no auge do que se podia encontrar nas telas, a violência mostrada era algo como nunca antes se viu, e as mulheres, o tempo todo em trajes sumários prontas a destruir os homens mesmo sem ter nenhuma arma na mão, dão o tom daquilo que à partir daquele ano foi copiado e requintado em muitos meios poucas vezes se igualando em diversão ou violência ao original.

Mas mesmo com todo o louvor técnico e história distorcida, talvez o melhor do filme seja (e continue sendo) a maravilhosa Tura Satana, que aparece como a Badgirl definitiva. Haji cumprindo as ordens sem questionar e Lori Williams com toda a inconseqüência de seus atos podem chocar, mas Tura, desafiando os homens, matando e criando planos e mais planos para destruir aqueles que se colocam em seu caminho em sua busca enlouquecida por emoção e dinheiro se tornam uma das figuras mais cultuadas e memoráveis do cinema.

Hoje em dia a fita é tida como Cult e mostrada em inúmeras mostras de cinema extremo mais como uma curiosidade do que pela inovação que trouxe na sétima arte em seu tempo, e sem Faster, Pussycat! Kill! Kill! Acho que dificilmente teríamos hoje filmes como Kill Bill, Snatch e Balada do Pistoleiro, por exemplo.

- Veredicto

Com Tura Satana e Russ Meyer empenhados em fazer um filme violento e divertido, e como diversão inconseqüente excelente e uma aula de história de como começou o cinema de exploitation, Faster, Pussycat! Kill! Kill! é indispensável e altamente recomendável.

- Trivia

Apesar de conhecido pelas cenas de nudez em seus filmes (Russ Meyer é conhecido como o “Rei da Nudez”) neste filme não temos nenhuma nudez, apenas insinuações.

Tura Satana, que aparece lutando no filme aprendeu Karate e Aikido quando era jovem, porque foi estuprada ao 9 anos por cinco homens. Nenhum dos seus estupradores jamais foi preso e ela sonhava em se vingar de cada um deles (oque ela chegou a fazer com alguns).

É dito que o filme se chama Faster, Pussycat! Kill! Kill! porque era o único título que continha tudo àquilo que o filme era. Tinha carros rápidos (na época que isso não era a baboseira que vemos em Velozes e Furiosos e afins) “Faster”; tínhamos mulheres “Pussycat” e tínhamos violência “Kill!”

Tura Satana é dona da própria imagem, assim todas as vezes que Russ Meyer queria fazer qualquer promoção, mudança ou divulgação tinha que pagar novamente todos os direitos a ela.

Quentin Tarantino sonha há anos em fazer um ramake deste filme. Há alguns anos ele chegou a anunciar Britney Spears como possível de fazer o papel de Billie.

Havia uma banda de Heavy Metal chamada Tura Satana que em vários de seus álbuns homenageou o filme ou com musicas que falavam dele ou com trechos parafraseando partes do filme, além da própria vocalista se vestir muito parecida com o estilo da verdadeira Tura Satana.

A banda de Heavy Metal White Zombie (que tinha como vocalista Rob Zombie que hoje em dia é um diretor de cinema especializado em terror respeitável, e responsável por filmes como Halloween e House of a 1000 Corpses) tinha uma musica que homeageava este cult, o nome é Thunderkiss ’65. O título faz alusão ao ano do filme enquanto durante a musica é mostrado uma parte do diálogo de Tura Satana.

No túmulo de Russ Meyer temos a seguinte inscrição

Russ Meyer
“O Rei da Nudez
E com Orgulho”
Produtor de filmes e Diretor
21 de Março de 1922
18 de Setembro de 2004

- Bônus

Blog da Tura Satana.

domingo, 3 de maio de 2009

À L'Intérieur, A Invasora

À L'Intérieur
Inside
(A Invasora)




“Meu Filho, Meu Bebê.
Finalmente dentro de mim.
Ninguém o tomará de mim
Ninguém pode machuca-lo agora.
Ninguém.”


Assisti A Invasora sem saber direito do que se tratava. Foi recomendado por um amigo meu apaixonado por cinema extremo oriental que disse que este seria o único filme europeu que conseguia se aproximar do estilo asiático de fazer filmes.

E o filme é surpreendente.


À L'Intérieur, 2007
Inside (título internacional)
A Invasora (em português)
de Alexandre Bustillo e Julien Maury

com
Béatrice Dalle (A Mulher)
Alysson Paradis (Sarah)
Nathalie Roussel (Louise)
François-Régis Marchasson (Jean-Pierre)
Jean-Baptiste Tabourin (Matthieu)

O carro onde Sarah estava sofreu um acidente que fez com que ela perdesse o marido. Ela estava grávida e apesar de muitos ferimentos ela sobreviveu, a criança passa bem e logo irá nascer.

Mas Sarah não está nem um pouco bem. Ela não consegue ver beleza em coisa alguma, se tornou solitária, irascível e sofre constantemente com a falta de seu falecido companheiro.

O natal e o nascimento do filho se aproximam, mas ela não sente nenhuma alegria.

Na véspera de natal, que também é a véspera do parto de Sarah, ela está sozinha em casa, quando uma misteriosa mulher aparece em sua porta, dizendo que sofreu um acidente de carro e tentando fazer com que ela deixe-a entrar para que pudesse usar o telefone, mas a tentativa é vã, a mulher começa a apresentar um comportamento violento e fala coisas sobre o marido e sobre o filho de Sarah mostrando que a conhece, e Sarah muito assustada chama a policia.

A invasora aparentemente desaparece com a chegada dos policiais. Eles fazem uma busca, não encontram nada, e sem verem qualquer motivo para àquele ataque, não acreditam que seja algo importante e dizem que ela está segura e que pode chama-los se tiver qualquer problema.

A policia parte deixando Sarah sozinha.

Mas ela não está realmente só... a mulher agora se encontra dentro da casa.

-Trailer



- Critica

Promovido a um clássico instantâneo do cinema francês, com cenas fortes, história pesada e muita violência gráfica, A Invasora é um filme indigesto, perturbador e inovador, superando em muito minhas expectativas iniciais sobre ele. O filme trata de horror na melhor acepção da palavra, levando o expectador a ficar na ponta dos pés durante o filme todo enquanto vê se desenrolar um dos embates intimistas mais sangrentos do cinema europeu e mundial.

Mas não é só isso de sangue que A Invasora se apóia, pois, sendo apenas isso, a fita nada se diferenciaria de qualquer similar sangrento slashar americano, europeu ou mesmo oriental. É a forma de que se trata a vitima direta de toda a violência contida no filme.

Sarah.

Ela é o alvo de uma perseguição doentia, por uma antagonista predatória, enlouquecida e de poucas palavras que tal qual um tubarão caçando sua presa, não desvia o olhar do objetivo final que parece ser acabar da maneira mais sangrenta a gravidez de Sarah tomando para si seu filho recém nascido.

Até então havia visto em todos os filmes uma verdadeira proteção às grávidas, sendo um alvo com que ninguém ousaria mexer. Ninguém mexeria com isso, e nisso não se ousa tocar. Nos filmes que vitimas eram grávidas, quase sempre a violência não era posta de forma tão explicita e crua contra uma pessoa tão fragilizada. Mas não no filme de Alexandre Bustillo e Julien Maury. Aqui a grávida é o alvo total do ataque, vemos seu sofrimento e assistimos agonizantemente Sarah ser atacada, perseguida, ter as possibilidades de fuga cortadas uma a uma enquanto frequentemente, durante os ataques a direção faz questão de mostrar o ponto de vista do feto na barriga da mãe sobre total estresse que acontece ao seu redor.

Alexandre Bustillo e Julien Maury conseguiram fazer um filme de se assistir na ponta dos pés, que diferente da maioria das besteiras que vemos atualmente no cinema, coloca o expectador em total agonia. Imagino que as cenas sejam ainda mais aterrorizantes e agoniantes para o publico feminino fazendo com que a maioria das cenas funcionem como a famosa cena da castração no filme Menina Má Ponto Com (Hard Candy, Savid Slade, 2005), que é quase impossível de qualquer homem assistir sem trincar os dentes e franzir as sobrancelhas.

As atrizes diretamente em conflito, Béatrice Dalle e Alysson Paradis estão muito bem e a produção foi muito feliz com as locações, edição e trilha sonora original, sendo um filme tecnicamente sem falhas que cumpre seu papel até o ultimo minuto.


- Veredicto

Perturbador e inovador na medida certa, A Invasora é um filme extremamente recomendado àqueles que se sentirem aptos a assisti-lo fazendo com que o expectador experimente uma game imensa de sensações em nenhum momento soando obvio ou perdendo ritmo.

Um dos melhores do estilo.

- Trivia

É o único trabalho creditado à dupla de diretores Alexandre Bustillo e Julien Maury, não há nenhuma noticia sobre outros filmes de ambos nem antes e nem depois deste.

Ambos os diretores são aficionados por cinema extremo e por anos escreveram para uma revista sobre o assunto.

Alysson Pardis (Sarah no filme) é irmã de Vanessa Pardis, a companheira de longa data de Johnny Depp.

É um dos pouquíssimos filmes 100% do site Rotten Tomatoes, com nenhuma critica negativa e aclamação total à fita francesa.

Béatrice Dalle (A Mulher) é uma bad girl conhecida na europa. Já foi presa por agressão e posse de drogas. Foi declarada pessona non grata nos Estados Unidos, por conta de um problema envolvendo posse de cocaína e por issoimpedida de fazer o teste para atuar como esposa do personagem de Bruce Willis em O Sexto Sentido (The Sixth Sense, M. Night Shyamalan, 1999).

A cena final, na escada, já foi votada como a mais perturbadora e sangrenta de todo cinema de terror moderno.