sábado, 24 de janeiro de 2009

Koroshiya 1 (a.k.a. Ichi The Killer), Ichi – O Assassino

Koroshiya 1,
Ichi The Killer

(Ichi – O Assassino)



“Kakihara! Que diabos você está fazendo?”
“Nada, apenas um pouquinho de tortura...”


Koroshiya 1 (mais conhecido pelo título Internacional Ichi The Killer) é um desses filmes emblemáticos. Não foram poucas as vezes que vi um filme extremo e alguém comentou. “Ichi é melhor... você já viu, não?” Não, não vi. E meu interesse por ele aumentava cada vez mais.

Finalmente consegui uma oportunidade de assistir Ichi, não a versão regular, mas sim a versão entendida e sem cortes recentemente lançada e posso dizer que sobrevivi à trilogia Splatter de Takeshi Miike (Ichi, Visitor Q e Audition). O resultado, resenho aqui.

Koroshiya 1, Ichi, The Killer (2001)
de Takeshi Miike

com
Tadanobu Asano (Kakihara)
Nao Omori (Ichi)
Shinya Tsukamoto (Jijii)
Paulyn Sun (Karen)

Baseado no manga de mesmo nome de Hideo Yamamoto, Ichi conta a história de Kakihara, o segundo em comando da violenta gangue de Anjo, que se vê subitamente empurrado ao posto de líder com o desaparecimento do seu patrão. Kakihara com suas imensas cicatrizes no rosto, lábios abertos e aparente e inabalável calma (quebrada apenas por excessos de violência completamente sem aviso), ajudado por seu exercito de assassinos bizarros procura obsessivamente por seu patrão, afirmando a todo o momento que ele está vivo e esperando ser salvo pela gangue, enquanto todas as outras gangues do sindicato Yakuza se apressam em dizer que ele que fugiu com uma prostituta de 17 anos ou que foi morto por outras gangues.

Mais estranho do que o desaparecimento em si é a atitude de Kakihara. Anjo era conhecido por espanca-lo, maltrata-lo e ser o responsável pelas cicatrizes que ele trazia no rosto; no entanto, a devoção de Kakihara ao patrão desaparecido é imensa e ele continua sempre a procura-lo e parecer o único que ainda tem esperança de encontra-lo com vida.

Distribuindo tortura das piores maneiras imagináveis naqueles que cruzam seu caminho (alguns sem nenhum motivo aparente) as peças do que aconteceu com Anjo começam a se encaixar. A gangue descobre que Ichi, uma espécie de assassino mítico, parece ser o responsável pelo desaparecimento.

E não só isso... Ichi parece estar disposto a destruir toda gangue, um a um.

Contra tudo e todos, Kakihara vai atrás de Ichi.

- Trailer



- Critica

Na melhor tradição do cinema extremo oriental, Koroshiya 1 é o responsável por uma das melhores adaptações de um manga para as telas; o filme é, virtualmente um manga num cinema, com todo o irrealismo violento que isso é possível, com todo exagero e os trejeitos que o famoso estilo japonês de quadrinhos carrega.

Takeshi Miike novamente surpreende com uma produção que junta elementos de violência extrema, perversão sexual, humor negro e manipulações em geral orquestrando e amarrando esta trama bizarra como poucos conseguiriam.

Com uma fotografia que flutua entre o lado decadente de Tóquio, com tomadas externas que parecem ter sido feitas sem preparação (e dando assim ao filme uma boa credibilidade e clima), tomadas internas claustrofóbicas e cenas tragicômicas onde o sangue literalmente pinta o teto de vermelho a base de jatos; Ichi transporta sem maiores problemas o expectador para o mundo degenerado e demente de violência em que se passa.

Ressaltamos também a boa escolha dos atores, onde destacamos principalmente Kakihara, habilmente interpretado por Tadanobo Asano, um ator um tanto conhecido por uma grande quantidade de filmes asiáticos de sucesso e Paulyn Sun, Miss Singapura 1994 que interpreta Karen, a esposa sádica de Anjo, que pouco se importa com o desaparecimento do marido e tenta, em vão, tomar lugar dele nos espancamentos a Kakihara.

Fazemos lembrar, ainda, as cenas de Splatter. Elas nos levam do horror ao riso em segundos (como é tão comum neste estilo) e muitas vezes nos pegamos sem saber se gargalhamos ou não ante todo sangue, tripas e absurdos que são mostrados em tela. No entanto, as cenas não tem tanto interesse em chocar como o realismo doente de Audition, aqui, talvez até pela proximidade com o manga, as cenas tem uma intenção maior na surpresa, entretenimento e em passar todo o absurdo sanguinário comum no quadrinho (quem não conhece o estilo ao menos pode se lembrar de Cavaleiros do Zodíaco onde os participantes sangravam rios durante as lutas).

Koroshiya 1, é, portanto um dos melhores exemplares do Horror oriental, apesar de em minha opinião não ser tão bom quanto o Audition (já resenhado por este blog) ou o doente Visitor Q. No entanto, seguindo os passos do clássico A História de Riki (Riki Oh, Ngai Kai Lam, 1991), temos um exemplo perfeito da violência para entretenimento baseada nos quadrinhos japoneses.

- Veredicto


Pelo conjunto da obra, Ichi é um clássico e merece ser assistido por todos os apreciadores de cinema extremo oriental. Tem todos os elementos que ajudaram a impulsionar este tipo de filme, que cada vez mais é copiado pelos diretores ocidentais (como o próprio Eli Roth de “O Albergue” que afirma que Takeshi Miike é uma de suas maiores inspirações).

- Trivia

Como todos que já conhecem Takeshi Miike suspeitavam, o semem usado no filme é real.

Karem fala tanto em inglês e tão pouco em Japonês porque ela é de Singapura, e apesar de falar bem o Japonês atualmente na época ela ainda não conseguia falar perfeitamente e com total desenvoltura, por isso optaram por ela misturar as duas linguas.

O Celular de Kakihara toca com a musica tema do filme.

Jiro e Saburo, os gêmeos loucos são interpretados pelo mesmo ator.

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