quarta-feira, 6 de maio de 2009

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

Faster, Pussycat! Kill! Kill!



“Senhoras e senhores, bem-vindos a violência! Tanto da palavra como da ação porque a violência pode manifestar-se de várias maneiras, sendo que sua forma preferida ainda
continua sendo o sexo.

A violência devora tudo o que toca, seu apetite quase
nunca se satisfaz, mas ela não se importa só em destruir; ela também pode crir e moldar.

Examinemos mais detalhadamente a mais nova e maligna criação desta nova geração presa e contida na pele macia da mulher.
 A doçura e o perfume inconfundíveis das fêmeas são brilhantes e cheios de luxúria. O corpo dócil e macio...
Mas atenção! Ajam com cuidado e não baixem a guarda! Esta espécie causa estragos sozinhas e quando estão em grupo. Sem importar o lugar, o momento, ou com quem quer que seja. Quem são elas? Uma delas pode ser sua secretária. A recepcionista do seu médico.. ou até uma dançarina de um Go-Go Club!”

- Texto falado no Inicio do Filme

Há muito tempo eu prometia a mim mesmo assistir o famoso Faster, Pussycat! Kill! Kill! mas nunca parecia ser o momento certo, no entanto, nesse marasmo sem filmes que valham a pena (Uol-verine ainda está entalado na minha garganta como uma das maiores porcarias pintar em muito tempo), me animei e assisti o clássico de Russ Meyer.

E posso dizer que o filme é Diversão garantida, ou seu dinheiro de volta!

Faster, Pussycat! Kill! Kill!, 1965
de Russ Meyer

com
Tura Satana (Varla)
Haji (Rosie)
Lori Williams (Billie)
Sue Bernard (Linda)
Dennis Busch (o Vegetal)

(A descrição do filme pode conter Spoilers)

Varla, Rosie e Billie são dançarinas de boate, que gostam de fazer corridas com carros velozes no deserto. Não sabemos as atividades exatas delas, mas podemos ver que Varla parece ter um passado um tanto quanto violento e além de ser a mais truculenta, fria e rápida no volante é também uma espécie de líder das demais.

Enquanto estão correndo no deserto conhecem Tommy e sua namoradinha Linda, e aparentemente apenas para se divertir Varla começa a incita-lo a participar de uma corrida contra ela, provocando o casal com todo tipo de coisa que podia. Tommy é membro de um clube de carros e não quer correr contra ninguém e nem cometer nenhuma imprudência, querendo apenas tomar seus tempos na pista do deserto, mas as mulheres o provocam tanto que ele por fim concorda e corre contra elas.

A corrida é acirrada, e após quase haver um acidente grave, Varla ganha. As mulheres continuam a provocar Linda e Tommy, e depois de Varla roubar o cronômetro de Linda, e chamar Tommy para briga, acontece uma luta surpreendente e improvável onde Varla, sem muita dificuldade domina e mata Tommy, tomando Linda como refém em seguida.

Rosie é contra tudo àquilo, Billie é inconseqüente demais para pensar à frente, mas Varla promete que logo também se livrarão de Linda, e durante sua fuga elas tem contato com um velho que aparentemente viveria sozinho com seus filhos e que teria muito dinheiro guardado.

Varla então convence suas amigas a tentarem achar e roubar o dinheiro do velho, sem saber que o próprio velho também tem planos para as garotas.

- Trailer



Antes de começar o Trailer aparece o seguinte aviso:

Pelos próximos 90 segundos, enquanto o trailer está passando, todos os expectadores com qualquer nível de sabedoria, gosto ou inteligência por favor mantenham seus comentários para SI MESMOS, ou PREGAREMOS SUAS LINGUAS NO CHÃO.

Obrigado.


- Crítica.

“Eu nunca tento nada, Eu apenas faço.”
- Varla, desafiando Tommy para Corrida

Russ Meyer é tido como o rei do cinema de Exploitation, sempre fazendo filmes que mulheres dominam, destoem ou acabam com homens em diversas situações, e Faster Pussycat! Kill! Kill! é sua obra mais conhecida e celebrada.

Em 1965 enquanto todos aplaudiam filmes como A Noviça Rebelde (que ganhou o Oscar daquele ano), A Nau dos Insensatos e O Espião que Veio do Frio, Meyer conseguiu fazer um filme extremo, divertido, violento e atemporal que viria a ser aplaudido, influenciado e celebrado por anos e anos que se seguiram.

No filme temos carros em alta velocidade (sem a atitude pedante da série Velozes e Furiosos), luta, violência e mulheres, muitas mulheres praticando oque em 1965 só poderia ser visto como as maiores atrocidades possíveis, uma vez que longe de serem recatadas, submissas e castas, as mulheres na obra de Meyer são predadoras vorazes, violentas e extremamente sexuais.

As cenas de ação do filme estavam no auge do que se podia encontrar nas telas, a violência mostrada era algo como nunca antes se viu, e as mulheres, o tempo todo em trajes sumários prontas a destruir os homens mesmo sem ter nenhuma arma na mão, dão o tom daquilo que à partir daquele ano foi copiado e requintado em muitos meios poucas vezes se igualando em diversão ou violência ao original.

Mas mesmo com todo o louvor técnico e história distorcida, talvez o melhor do filme seja (e continue sendo) a maravilhosa Tura Satana, que aparece como a Badgirl definitiva. Haji cumprindo as ordens sem questionar e Lori Williams com toda a inconseqüência de seus atos podem chocar, mas Tura, desafiando os homens, matando e criando planos e mais planos para destruir aqueles que se colocam em seu caminho em sua busca enlouquecida por emoção e dinheiro se tornam uma das figuras mais cultuadas e memoráveis do cinema.

Hoje em dia a fita é tida como Cult e mostrada em inúmeras mostras de cinema extremo mais como uma curiosidade do que pela inovação que trouxe na sétima arte em seu tempo, e sem Faster, Pussycat! Kill! Kill! Acho que dificilmente teríamos hoje filmes como Kill Bill, Snatch e Balada do Pistoleiro, por exemplo.

- Veredicto

Com Tura Satana e Russ Meyer empenhados em fazer um filme violento e divertido, e como diversão inconseqüente excelente e uma aula de história de como começou o cinema de exploitation, Faster, Pussycat! Kill! Kill! é indispensável e altamente recomendável.

- Trivia

Apesar de conhecido pelas cenas de nudez em seus filmes (Russ Meyer é conhecido como o “Rei da Nudez”) neste filme não temos nenhuma nudez, apenas insinuações.

Tura Satana, que aparece lutando no filme aprendeu Karate e Aikido quando era jovem, porque foi estuprada ao 9 anos por cinco homens. Nenhum dos seus estupradores jamais foi preso e ela sonhava em se vingar de cada um deles (oque ela chegou a fazer com alguns).

É dito que o filme se chama Faster, Pussycat! Kill! Kill! porque era o único título que continha tudo àquilo que o filme era. Tinha carros rápidos (na época que isso não era a baboseira que vemos em Velozes e Furiosos e afins) “Faster”; tínhamos mulheres “Pussycat” e tínhamos violência “Kill!”

Tura Satana é dona da própria imagem, assim todas as vezes que Russ Meyer queria fazer qualquer promoção, mudança ou divulgação tinha que pagar novamente todos os direitos a ela.

Quentin Tarantino sonha há anos em fazer um ramake deste filme. Há alguns anos ele chegou a anunciar Britney Spears como possível de fazer o papel de Billie.

Havia uma banda de Heavy Metal chamada Tura Satana que em vários de seus álbuns homenageou o filme ou com musicas que falavam dele ou com trechos parafraseando partes do filme, além da própria vocalista se vestir muito parecida com o estilo da verdadeira Tura Satana.

A banda de Heavy Metal White Zombie (que tinha como vocalista Rob Zombie que hoje em dia é um diretor de cinema especializado em terror respeitável, e responsável por filmes como Halloween e House of a 1000 Corpses) tinha uma musica que homeageava este cult, o nome é Thunderkiss ’65. O título faz alusão ao ano do filme enquanto durante a musica é mostrado uma parte do diálogo de Tura Satana.

No túmulo de Russ Meyer temos a seguinte inscrição

Russ Meyer
“O Rei da Nudez
E com Orgulho”
Produtor de filmes e Diretor
21 de Março de 1922
18 de Setembro de 2004

- Bônus

Blog da Tura Satana.

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