terça-feira, 10 de março de 2009

Day of the Woman, I Spit on Your Grave

Day of the Woman
I Spit in Your Grave

(A Vingança de Jennifer)




"O que fizemos com você seria oque qualquer homem faria.
Você provocou e nós entendemos tudo bem rápido.
Olhe: casado ou não,todo homem é homem.
A culpa disso foi sua
Em 1° lugar, você vai ao posto de gasolina e expôe suas  malditas e sensuais pernas para mim, andando bem devagar.
Daí o Matthew entrega comida na sua porta.
Por que o deixou espiar seus seios sem nada?
Depois você fica deitada na canoa de biquíni. Apenas esperando Como se fosse uma isca.
(...)
A culpa disso tudo é sua"


Cada vez parecem haver menos filmes, há meses que parece que já vimos tudo. Até que vi uma pequena nota em um site falando sobre filmes antigos inovadores. Lá, falava sobre “Day of the Woman”, também conhecido pelo nome “I Spit on Your Grave” um filme de 1978 que foi precursor em muitos níveis do cinema extremo atual.

Pareceu bem interessante, e me espantou como um filme desta época pôde ser tão brutal.

Day of the Woman, 1978
a.k.a. I Spit in Your Grave
a.k.a. A Hate Your Guts
a.k.a. The Rape and Revenge of Jennifer Hill
A Vingança de Jennifer (em português)
de Meir Zarchi

com
Camille Keaton (Jennifer Hills)
Eron Tabor (Johnny)
Richard Pace (Matthew Lucas)
Anthony Nichols (Stanley)
Gunter Kleemann (Andy)

Jennifer é uma jovem escritora. Ela já publicou alguns trabalhos menores em revistas femininas, mas urge por escrever seu primeiro grande romance, então para centrar suas idéias e ter tranqüilidade para escrever, aluga uma casa no interior.

A viagem é um pouco cansativa, mas a casa é como ela esperava: grande, espaçosa com uma ampla área na frente e até mesmo um barco com que ela pode remar e relaxar no rio.

Mas Jenny não está sozinha.

Desde sua chegada ela é observada por 4 moradores locais; Johnny o frentista e ex-fuzileiro, Matthew o entregador de uma loja local que tem problemas mentais, e Stanley e Andy dois desocupados que são mal vistos até pelos moradores da área.

Todos ficam espantados com a beleza de Jennifer, principalmente Matthew, que nunca “havia estado" com uma mulher antes, e esse então se transforma no mote do grupo, conseguir àquela mulher para Matt.

Eles cercam Jenny quando ela está no rio, a arrastam para a floresta, a estupram brutalmente e a abandonam. Stanley, no entanto, sabe que não pode ficar assim, eles tem que silencia-la permanentemente; assim convence Matthew a voltar e assassinar Jenny enquanto ela ainda está desacordada e ferida no chão de sua casa.

- Trailer



- Critica

Realmente me espantei ao assistir Day of the Woman, pela brutalidade e a crueza do filme. Até mesmo hoje, quando vemos vários desses elementos um tanto banalizados pela quantidade absurda de filmes violentos, A Vingança de Jennifer ainda é um soco no estômago e entendo  perfeitamente porque em sua época o filme sofreu uma campanha tão massiva para ser banido dos EUA.

O filme de Meir Zarchi estava à frente do seu tempo em tantos níveis que hoje em dia é estranho que não seja mais conhecido. Foi ele, e não Irreversível (Irréversible, Gaspar Noé, 2002) que foi o pioneiro em esvaziar cinemas com cenas de estupro extremas, foi ele e não Kill Bill (Kill Bill, Quentin Tarantino, 2003) demonstrou como poderia ser bárbara a vingança fria de uma personagem feminina e foi ele, antes da era da censura nos EUA nos anos 80 que foi um filme ao mesmo tempo banido nos cinema e campeão de venda em vídeo. 

Na história curta e crua de Jennifer vemos uma bela e aparentemente frágil mulher, cheia de sonhos e aspirações de ser escritora ser tragada para um verdadeiro inferno quando os quatro homens surgem do nada e a despem de toda dignidade, humilhando, violentando e destruindo tudo que ela é. Nem os seus escritos são deixados livres e os homens chegam ao cúmulo de cogitar que ela é a responsável por tudo que acontece.

Quem manda ela ser bonita? Se vestir bem?

Os estupradores, misóginos, ignorantes e quase animalescos cumprem com louvor seu papel. Os quatro atores que os interpretam conseguem passar toda loucura doentia exigida deles, e mesmo tendo um desempenho bom e em alguns casos acima disso, nenhum dos quatro jamais fez outro filme.

Ressaltamos também que o filme pode soar um tanto quanto parado e com planos um tanto longos para os padrões atuais, mas mesmo assim essa aridez serve para demonstrar o abandono e a solidão de Jennifer sozinha com seus algozes e depois sozinha em sua vingança.

Camille Keaton, como Jennifer, é a estrela maior do filme e consegue passar toda fragilidade, horror, humilhação e mais tarde vingança entregando-se à interpretação do personagem de corpo e alma. Conseguimos ver nela todo o horror nas cenas de estupro, assim como percebemos sua força para se reerguer e ir atrás dos homens que lhe fizeram tanto mal. Uma pena que seu talento não pode ser mais bem explorado, uma vez que ela participou apenas de mais três filmes, nenhum deles recente e nenhum que fez tanto sucesso quanto este.

Meir Zarchi conseguiu fazer um filme que juntou elementos suficientes para torna-lo um dos diretores inovadores do cinema extremo e mundial, mas assim com Camille ele não se dedicou a isso, Meir Zarchi fez apenas mais um filme, fazendo com que esta fosse sua única contribuição à 7 arte, contribuição esta que é vista com muitas reservas por àqueles que não conseguem entender a dificuldade de explorar um filme como este numa época como a que ele foi lançado.

- Veredicto

A Vingança de Jennifer Hill é inegavelmente um filme brutal, mas bem constituído, bem feito e bem dirigido. Não é um filme fácil, mas era inovador e vale ser visto não só pelo seu status de cult, mas porque ao contrário do que foi repetido por anos à fio, é um bom filme.

- Trivia

De acordo com a capa do filme de um dos países da Europa, Camille fica completamente nua durante 25 dos 100 minutos que compõe o filme.

Camille Keaton é neta do célebre ator do cinema mudo Buster Keaton.

Após o ataque é visto no rosto de Jennifer uma cicatriz. Aquela cicatriz é real, proveniente de um acidente de carro que a atriz sofreu. Ela foi coberta no inicio do filme e exagerada com maquiagem após o ataque, para que aparecesse bem na tela.

O filme foi banido na Austrália na forma sem cortes de 1997 até 2002.

O filme não tem trilha sonora alguma.

Roger Ebert, o famoso critico de cinema, diz que esse é o PIOR filme do mundo.

As crianças que aparecem como filhos de Johnny, são na verdade os filhos do diretor.


- História

Vale a pena gastar algumas linhas contando a história do filme. Por volta de 1974 perto da casa de Meir Zarchi, o diretor, uma mulher foi brutalmente estuprada e espancada por dois homens. Este fato foi o responsável por trazer à tona a idéia inicial do filme, onde veríamos uma mulher passar por tormento semelhante e mas vingando-se dos bandidos de maneira brutal.  Day of the Woman (o título que foi dado pelo diretor) foi filmado em 1977 e lançado em 1978, mas não houve inicialmente nenhuma estratégia de distribuição.

Mair resolveu leva-lo ao festival de Cannes onde poderia talvez conseguir algum contrato e o  filme foi recebido com criticas positivas e negativas, com muitos reclamando das cenas de estupro mostradas como nunca antes havia sido feito. E se por um lado esta polêmica foi positiva para o filme porque fez com que Zarchi conseguisse distribuição para a Europa, por outro ninguém nos EUA queria ter nada haver com a fita, e por isso por dois anos apenas o velho continente teria acesso à película.

Em 1980, um produtor chamado Jerry Gross, após ver o sucesso que o filme atingiu na Europa concordou em distribuir o filme, contanto que ele pudesse mudar o título "para oque ele quizesse". Mair não queria nenhuma mudança em sua obra, mas concordou apenas porque queria ver o filme lançado nos EUA e finalmente houve distribuição nos cinemas dos Estados Unidos, sob o nome que ele ficou mais famoso “I Spit on Your Grave”

Oque aconteceu, no entanto, foram que os dois maiores críticos de cinema americanos, Roger Ebert e Gene Siskel, foram a uma projeção do filme, e sabe-se lá como alguém trocou os rolos normais do filme por um rolo do filme sem nenhum corte, expondo aos dois críticos toda brutalidade que nenhuma filme até então havia mostrado.

Não é preciso dizer que ambos fizeram uma campanha massiva para banir o filme dos EUA, e devido a popularidade de ambos, isso gradativamente aconteceu. O filme foi banido, e nenhum cinema ousava passa-lo.

Mas o filme não caiu no esquecimento... porque?

Oque acontece é que esse foi mais ou menos o tempo que começaram a ficar popular as fitas de vídeo. Era uma tecnologia nova, e as pessoas começaram a comprar os filmes que mais gostavam podendo iniciar as famosas videotecas caseiras. O filme era famoso por ter sido banido e cresceu no boca-a-boca de modo que quando foi lançado em vídeo em 1981 este filme (por incrível que pareça) foi o filme em video  MAIS VENDIDO DE 1981.

Dizem agora que em 2009 estão pensando em fazer um ramake... não acredito que ficaria bem, principalmente porque filmes assim como esse atualmente temos às dúzias e a principal qualidade de Day of The Woman seria a originalidade do roteiro, da direção e da violência gráfica explicita em seu tempo, tornando-o ao menos a uma primeira análise uma coisa massante de ser refilmada.

Um comentário:

  1. Encontrei esse filme por acaso na internet outro dia, acabei baixando e nossaaaaaaa, posso dizer com toda a certeza que é um dos melhores filmes que eu já vi e oha que assisti no audio originalo sem legenda e meu inglês é péssimo, mesmo assim foi perfeito!!!

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